Tempo, tempo, tempo, tempo...

sábado, 29 de junho de 2013

Política em Campina Grande


Acho "interessante" os caminhos/reflexos fruto do movimento de mobilizações ocorridas em nosso município. Antes, não se ouvia tanto da classe política a defesa de um valor da tarifa de ônibus que atendesse às necessidades da população... quase não se ouvia falar em baixar o valor da tarifa como algo possível e justo...
Gestões/gestores passaram e não se viu muita (ou pouca) exposição por parte dos nossos representantes na Câmara, na PMCG se colocando à favor do POVO, de seus eleitores que são usuários de transporte público... Por que será que hoje depois dessa movimentação nas ruas as coisas mudaram???
Devemos lembrar que os mesmos representantes políticos devem ficar contentes, pois são muitos os problemas sociais que precisam ser trabalhados e que eles devem prestar atenção e cumprir com suas obrigações e atribuições perante a função que estão (temporariamente) exercendo...
Chega de ficar ocupando a cadeira na câmara e recebendo um alto salário para ficar de conchavos e elaborações TOLAS... chega de nomes de ruas, praças, títulos para fulano, beltrano e tanta bajulação... Queremos que nossa cidade seja conhecida como a cidade onde existe SAÚDE, EDUCAÇÃO, MORADIA, EMPREGO, CULTURA com qualidade para os cidadãos que não vão obter esses serviços no mercado... Esses são direitos constituídos e que devem ser preservados, mantidos e efetivados.
Chega de ideias de privatização, sucateamento e precarização dos serviços públicos.
Queremos que os recursos sejam destinados para a execução de políticas voltadas à população como um todo.
Chega de blá blá blá... vão trabalhar!
Oxalá, estejamos acordando e que comecemos a realmente fiscalizarmos o trabalho dessa classe que ganha para representar os nossos interesses.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Passando a limpo...

Que país é este?!

 

Leituras...



Artigo: DROGAS = ATENÇÃO: Não temos como acabar. Mas, é preciso ficar atento e aprender a conviver com esse fenômeno. Revista Hoje. Ano II – Nº 02. Jan/2010. Campina Grande, PB.

_______________________________________________

Artigo: DROGAS: a importância dos programas de prevenção no ambiente de trabalho. Revista Contadores em Ação. Ano IV – Nº 04. Set/2012. Campina Grande, PB.
______________________________________

Escolhas - Ser de Esquerda

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Texto de Fernando Evangelista
 xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx


" No fundo da alma de qualquer povo dormem, ignoradas, forças infinitas. Quem as souber despertar, moverá montanhas." (Gustavo Barroso)

"Compara-se muitas vezes a crueldade do homem à das feras, mas isso é injuriar estas últimas". (Dostoievski)

"O desenvolvimento humano só existirá se a sociedade civil afirmar cinco pontos fundamentais: igualdade, diversidade, participação, solidariedade e liberdade."
(Betinho
)

"O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons." Martin Luther King



Antoine de Saint-Exupery
 
"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar". Fernando Birri

"Eles não sabem que o sonho é uma constante da vida tão concreta como outra coisa qualquer. Eles não sabem nem sonham que o sonho comanda a vida, que sempre que um homem sonha o mundo pula e avança como bola colorida entre as mãos de uma criança". (Antônio Gedeão)


“Quando os problemas se tornam absurdos, os desafios se tornam apaixonantes.” (Dom Helder Câmara) 


_________________________

DROGAS: O QUE PODEMOS FAZER PARA AMENIZAR AS 
CONSEQUÊNCIAS DESTA QUESTÃO SOCIAL?

A dependência química é um sério problema social que vem pedindo respostas a todos os que integram a sociedade, pois não faz distinção de credo, etnia, cor, posição política e/ou status social.
O fenômeno do uso e dependência de drogas está a cada dia se tornando uma questão social de difícil controle e um dos agentes causadores da violência urbana tão presente na atualidade. O dependente está deixando uma posição isolada (de usuário), passando a ser percebido como um gerador em potencial de riscos para a sua vida e para a vida de todos os que estão a sua volta em casa, nas ruas e no seu ambiente de trabalho.
O consumo e/ou abuso de drogas apresenta-se como um grande desafio para as famílias, os governos, as empresas e a sociedade de um modo geral. Precisamos, encontrar meios que minimizem este mal, tendo em vista que resolver o problema no sentido de eliminar as drogas da face da terra é algo que não irá acontecer; o que temos que fazer é buscar estratégias que possibilitem tratar esta problemática de forma a sair dessa situação sem grandes perdas. Compreender esse fenômeno, tal qual se configura hoje, requer um exercício de análise e de reflexão, sem moralismos e preconceitos, mas, sobretudo, com boa vontade e sentimento de empatia.
Acreditamos que a prevenção ainda é a melhor solução, pois além de custar menos (ao Governo, instituições e famílias) que os tratamentos de desintoxicação para dependentes químicos, não esperam o mal estar posto, mas se antecipa a ele, gerando muito mais benefícios e reduzindo os números de novos usuários e dependentes.   (Adenize de Oliveira Chagas – Assistente Social e Coordenadora de Projetos da ONG PROAMEV).
  _____________________________________________


Dica de leitura...
Boaventura de Sousa Santos
Dica de leitura: http://www.boaventuradesousasantos.pt/pages/pt/livros.php
Boaventura de Sousa Santos GO SE (Coimbra, 15 de Novembro de 1940) é doutor em sociologia do direito pela Universidade de Yale, professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, Distinguished Legal Scholar da Faculdade de Direito da Universidade de Wisconsin-Madison e Global Legal Scholar da Universidade de Warwick. É também director dos Centro de Estudos Sociais e do Centro de Documentação 25 de Abril[1], e Coordenador Científico do Observatório Permanente da Justiça Portuguesa[2] - todos da Universidade de Coimbra.
Participa da coordenação científica dos seguintes Programas de Doutoramento:
- Direito, Justiça e Cidadania no Século XXI
- Democracia no Século XXI
- Pós-Colonialismos e Cidadania Global
Dirige as seguintes colecções:
  • Saber imaginar o social[3]
  • A sociedade Portuguesa perante os desafios da globalização[4]
  • Reinventar a emancipação social: para novos manifestos[5]
Tem trabalhos publicados sobre globalização, sociologia do direito, epistemologia, democracia e direitos humanos. Os seus trabalhos encontram-se traduzidos em espanhol, inglês, italiano, francês e alemão.[6]
É internacionalmente reconhecido como um intelectual importante da área de ciências sociais, e tem especial popularidade no Brasil, onde participou de três edições do Fórum Social Mundial em Porto Alegre.
Seus escritos dedicam-se ao desenvolvimento de uma Sociologia das Emergências, que segundo ele procuraria valorizar as mais variadas gamas de experiências humanas, contrapondo-se a uma "Sociologia das Ausências", responsável pelo desperdício da experiência - como exposto em seus livros Renovar a Teoria Crítica e Reinventar a Emancipação Social, que apresente idéias elaboradas anteriormente em Um Discurso sobre as ciências. A herança contratualista é bem marcada em suas obras e seus textos se remetem à organização de contratos sociais que sejam verdadeiramente capazes de representar valores universais.
Também é poeta, autor do livro Escrita INKZ: antimanifesto para uma arte incapaz.
Uma de suas preocupações é aproximar a ciência do senso comum, com vista a ampliar o acesso ao conhecimento. Por isso, é acusado por alguns sociólogos ortodoxos de integrar o campo dos que capitularam a uma espécie de demagogia sociológica, como Jacques Rancière, Luc Boltanski e outros. Como afirma em Um discurso sobre as ciências, a ciência pós-moderna deve voltar-se ao senso comum e inclusive tornar-se senso comum - sendo decorrentes dessa afirmação, as divergências dos diferentes cientistas.
Defensor da ideia de que movimentos sociais e cívicos fortes são essenciais ao controlo democrático da sociedade e ao estabelecimento de formas de democracia participativa, foi inspirador e sócio fundador em 1996 da Associação Cívica Pro Urbe (Coimbra).
Sua trajetória recente é marcada pela proximidade com os movimentos organizadores e participantes do Fórum Social Mundial e pela participação na coordenação de uma obra coletiva de pesquisa denominada Reinventar a Emancipação Social: Para Novos Manifestos.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Boaventura_de_Sousa_Santos 
 ______________________________




____________________________

EU... 
(Parte I)

Considero-me uma pessoa bacana. Tenho 38 anos de caminhada; sou uma canceriana convicta. Opto sempre por estar do lado do bem; cultivo os valores da ética e da Paz Universal. Busco sempre ser uma companheira de militância da vida juntamente com a noção de respeito e solidariedade.
Hoje, não defendo nenhum partido político, embora existam uns que definitivamente não dá pra entender, mas, por outro lado existem alguns que são até “simpáticos” – acho que de simpáticos veio à expressão simpatizante...
Adoro contemplar o céu, o mar, andar descalça na areia da praia... A natureza, de fato, é a minha maior motivação, pois só através dela consigo relaxar um pouco e renovar minhas energias. Ela é a fonte perene na qual o meu ser mergulha, se banha, se cria e se recria.
Embora não consiga manter a atenção por minutos seguidos no mesmo foco, cultivo a ideia de gostar da leitura (por isso compro livros mesmo sabendo que talvez nunca venha a lê-los, mas sei que eles estão lá “a espera de um milagre”...)
Acredito que a maneira mais prática de conquistarmos nossos ideais é através da luta diária e da perseverança (sou brasileira e não desisto nunca).
Viver é uma dádiva... Pouco sabemos a respeito da vida a não ser que um dia ela findará, por isso, basta viver um dia de cada vez, e viver intensamente na medida das nossas forças e dos nossos esforços.
Sou um ser em constante estado de transformação...


EU... 
(Parte II)

Sou Assistente Social, trabalho com crianças, adolescentes e jovens numa ONG. Tenho paixão pelo que faço. Persigo a Felicidade e acredito na Beleza pura da vida, embora muitas vezes tenha vontade de abandonar tudo e sair correndo dessa Selva de pedra, pois o mundo atual está meio bagunçado, para não dizer caótico. Adoro Viver a vida e observar a vida alheia, ou a vida d'O outro, no bom sentido, claro! 
Já encontrei o meu Louco amor. Ele é pra mim o meu Bem amado, meu Partido alto, meu Astro, minha Celebridade, e com ele é tudo por Passione. Ficaria aqui a falar mais sobre mim, mas chega de Tititi, pois Por amor irei agora aquecer os Laços de família antes que Exploda coração e não reste Pedra sobre pedra. bjs
 
(Obs.: Fiz esse textinho inspirada no gosto de um amigo por novelas globais)


quarta-feira, 29 de maio de 2013

Abaixo-assinado Manifesto contra a redução da maioridade penal

Abaixo-assinado Manifesto contra a redução da maioridade penal

REDUZIR A MAIORIDADE PENAL NÃO VAI ACABAR COM A VIOLÊNCIA, POR ISSO EU DIGO NÃO À REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL. 
VAMOS FAZER VALER A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE!!!

sábado, 20 de abril de 2013

segunda-feira, 18 de março de 2013

Sem Juízo, por Marcelo Semer: ....os miseráveis do direito penal....

 Segue abaixo o link de um excelente texto de Marcelo Semer. Espero que gostem! Uma ótima semana para todos/as!

Sem Juízo, por Marcelo Semer: ....os miseráveis do direito penal....:           Nas emoções do musical, a representação das injustiças do direito penal denunciadas por Victor Hugo    ...

quarta-feira, 6 de março de 2013

Compartilhando...

Declaração do Partido Comunista da Venezuela

  Declaração de imprensa
 O Birô Político do Comitê Central do Partido Comunista da Venezuela, com  profundo pesar diante do falecimento de nosso Presidente Hugo Rafael Chávez Frías, líder indiscutível do processo bolivariano na Venezuela, America Latina e mundo, deseja expressar sua firme convicção em continuar levantando as bandeiras de luta da revolução socialista e a unidade popular revolucionária.

O presidente Hugo Rafael Chávez Frías durante toda sua vida dedicou esforços e contribuiu na construção e defesa da Pátria, na busca da conquista de uma sociedade de justiça e liberdade para o povo trabalhador venezuelano, latinoamericano e do mundo, enfrentando o imperialismo mundial e seus lacaios.

É indiscutível que nosso camarada presidente assumiu sempre com exemplar disciplina e abnegação revolucionária, a difícil e exigente tarefa de conduzir a nossa Pátria pelos caminhos da construção de uma sociedade mais justa, assumindo-a como um compromisso de vida.

Desde o Birô Político do Partido Comunista da Venezuela condenamos as políticas de guerra midiática e manipulação que empreendem os setores reacionários da Venezuela, com a orientação do imperialismo estadounidense, principal inimigo da classe operária e de todo o povo trabalhador.

Chamamos o Povo Venezuelano, as forças políticas e sociais revolucionárias a cerrar fileiras, para nos mantermos alertas e vigilantes diante das pretensões do imperialismo de criar caos e desestabilização em nosso país. Por isso devemos mostrar os mais altos níveis de organização e mobilização disciplinada de nosso povo, desde todas as instâncias criadas durante estes últimos anos.

Fazemos chegar aos seus entes mais queridos e que em vida o amaram profundamente, nossas expressões de solidariedade e condolências, muito especialmente aos seus filhos e filha e demais familiares.

O Birô Político rende homenagem ao camarada presidente HUGO RAFAEL CHAVEZ FRIAS, quadro revolucionário que se eternizará no imaginário coletivo de nossa pátria como exemplo de firmeza, entrega, valentia e grandeza revolucionária.

Fazemos um chamado ao povo venezuelano a continuarmos nos esforçando para que o valor, a fortaleza, o desprendimento e infinito amor pela humanidade que eram parte integrante da conduta e ação revolucionária do camarada presidente HUGO RAFAEL CHAVEZ FRIAS, sejam agora e sempre exemplo para nosso povo e as novas gerações de lutadores pela vida.

Caracas, 05 de março de 2013

Fonte:

Compartilhando um bom texto.

Blog do Cadu: Chávez ditador?: Hugo Chávez faleceu e logo se aflorou sentimentos de ódio e simpatia. Entre os argumentos de nossa elite e da classe média tradi...

GilbranAsfora.com - O Blog de Gilbran Asfora: A quem interessaria a morte de Raymundo Asfora?

Compartilhando...

A quem interessaria a morte de Raymundo Asfora?

Conta a lenda que todos os pássaros se calavam para ouvir o canto do uirapurú

   Há exatos 26 anos a Paraíba perdia o seu Vice Governador eleito e nos éramos subtraídos da convivência do "Rei do Nosso Mundo" Raymundo Asfora, nosso pai, aquele 06 de março de 1987, marcaria definitivamente e por completo as nossas vidas: Samara, Gilbran, Omar, Sheyner, Thanner, Kerma e Bergma e modificava também as perspectivas e as conjecturas do tabuleiro político de Campina Grande e da Paraíba nos pleitos vindouros.
   Hoje vivemos de lembranças e ensinamentos, mas do ângulo jurídico, ainda rende resultados de perícias mal feitas e conclusões imprecisas no que se refere a pergunta: "o Caso Asfora, foi suicídio ou homicídio?"
  A verdade é que a luz do processo, os juristas encontram abrigo para as duas teses, podendo ser em ambos os casos bastante convincentes: eu diria mais... utilizando uma frase do jurista Ronaldo Cunha Lima: "Que o Direito é feito chiclete, para onde você mastigar ele vai".
   Diante disto, existe realmente uma grande dúvida que paira no ar.
   No próximo dia 21 de março do mês e ano em curso, estarão indo mais uma vez ao banco dos réus o Fotógrafo Marcelo Marques da Silva e Gilvanete Vidal de Negreiros, o primeiro, fotógrafo e amigo de longas datas do meu pai e a segunda, sua ex mulher, porque quando do fato ocorrido, havia de fato uma separação de corpos.
    Quando da morte de Raymundo Asfora, meu pai, eu tinha 22 anos de idade e era estudante de Direito, acompanhei de perto tudo: exames, laudos, simulações, exumação, etc, digo mais, diante das dúvidas que persistiram e da exigência da justiça, tivemos o doloroso baque de ter que enterrar e desenterrar nosso pai por três duras oportunidades.
     De fato, eu tenho uma tendência a pensar no que realmente houve no dia 06 de março de 1987, na Granja Uirapurú, no entanto, ao longo desses 26 anos da morte do meu pai, sempre tive o cuidado de respeitar o pensamento de cada um, desde o homem simples da multidão que o conhecia, até os integrantes de nossa família. Três irmãs de meu pai, minha irmã Samara e minha avó, Orminda, hoje falecida, elas defendem e defenderam fervorosamente a tese de homicídio no caso Asfora.
      Mesmo hoje, após tantos anos de sua morte, não haverei de posicionar-me em relação ao que houve, se Homicídio ou Suicídio. Apenas tomei a decisão de vir a público e perante a sociedade campinense, acompanhando o sofrimento que se arrasta durante a vida toda  dos meus irmãos Sheyner, Thanner, Kerma e Bergma, baseado no volumoso processo do caso Asfora e sem encontrar provas suficientes para incriminá-la, ainda sem ter havido fatos novos para tanto, peço a sociedade representada pelo Tribunal do Júri de Campina Grande, a absorvição de Gilvanete Vidal de Negreiros, na mesma oportunidade e pelos mesmos motivos alegados, venho pedir a absorvição de Marcelo Marques da Silva, pois, não encontrei um porquê para tal atitude, vi sim que ele sofreu e só perdeu com o passamento de Raymundo Asfora.
   Dito isto, encerro as minhas palavras dizendo que com a ausência do uirapurú paraibano, milhares de nordestinos perderam sua voz e emudeceram-se nos seus gritos de esperança!
  "O Nordeste está gritando pela minha voz, são tantos os seus clamores que até o meu silêncio se encherá de vozes"  Raymundo Asfora. Pronunciamento na Câmara Federal.



Fonte:
GilbranAsfora.com - O Blog de Gilbran Asfora: A quem interessaria a morte de Raymundo Asfora?:

domingo, 17 de fevereiro de 2013

"Todo jardim começa com uma história de amor, antes que qualquer árvore seja plantada ou um lago construído é preciso que eles tenham nascido dentro da alma. Quem não planta jardim por dentro, não planta jardins por fora e nem passeia por eles." 
Rubem Alves

Bom dia!!!

 


sábado, 9 de fevereiro de 2013

Grande, Paulo Freire!


Dica de leitura: 

Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Pratica Educativa (Paulo Freire)

Pedagogia da Autonomia - um livro de poucas páginas, mas que traz uma síntese de ideias conhecidas em outras obras do autor, como, por exemplo,  a ideia da pedagogia do oprimido. 

Uma leitura indispensável para os educadores em formação, para todos os educadores e todos de um modo geral.

O que é preciso para um prefeito fazer bem a sua gestão?


Para que uma gestão municipal funcione é preciso que o gestor nunca esqueça seu papel em frente à prefeitura; que não esqueça que ele está representando toda uma população e não apenas um grupo seleto de “amigos” e/ou “servidores”.
É preciso que ele independente de ter graduação, tenha consciência política e que trabalhe durante o seu mandato tendo como objetivo diário o bem comum e o desenvolvimento do município.
Um bom prefeito não deve ser reconhecido ou lembrado pela sua oratória, mas sim pelo dever cumprido.
Um bom prefeito não acumula números de obras feitas sem que estas estejam em pleno funcionamento e cumprindo o seu papel social.
Um bom prefeito jamais deixaria um órgão como o Conselho Tutelar com telefones bloqueados por falta de pagamento, quando temos uma legislação que traz a criança e o adolescente como prioridade absoluta.
Um bom prefeito respeita os seus servidores e cumpre sua obrigação com a folha de pagamento.
Um bom prefeito não chama a população de mentirosa para escapar de problemas criados por ele mesmo (como no caso da ausência de coleta de lixo que foi denunciado por cidadãos comuns inúmeras vezes e que foram chamados de mentirosos).
Um bom prefeito não põe a culpa de seu fracasso em sua equipe, ao contrário ele se coloca como o primeiro a falhar.
Um bom prefeito não deixa as Secretarias como ilhas, mas trabalha ciente que cada uma é vital para o desenvolvimento do todo (cidade).
Um bom prefeito é sabedor que para administrar uma cidade é necessário que ele saia do pedestal e vá para a comunidade saber quais as reais necessidades e prioridades desta.
Um bom prefeito não faz uma obra para pessoas caminharem, quando na metade do percurso uma parte da população continua às escuras, onde estudantes, trabalhadores etc. põem em risco suas vidas ao transitarem numa rua sequer com iluminação e acostamento.
Um bom prefeito ao olhar para a cidade que vai administrar busca resolver os grandes problemas primeiro (pois só tem quatro anos de gestão), só depois ele vai fazer obras que sejam de prioridade secundária.
Um bom prefeito jamais trabalha acreditando que pode “seguir em frente” sem buscar as parcerias necessárias.
Um bom prefeito não compra voto, mas faz questão de acreditar que seus votos derivam de suas propostas e de sua coerência entre o dito e o feito e não entre o dito e o “mal”dito.

Adenize de Oliveira.
09/02/2013.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Navegar é preciso/ Viver não é preciso...

Os Argonautas

Chico Buarque

O Barco!
Meu coração não aguenta
Tanta tormenta, alegria
Meu coração não contenta
O dia, o marco, meu coração
O porto, não!...
Navegar é preciso
Viver não é preciso...(2x)
O Barco!
Noite no teu, tão bonito
Sorriso solto perdido
Horizonte, madrugada
O riso, o arco da madrugada
O porto, nada!...
Navegar é preciso
Viver não é preciso (2x)
O Barco!
O automóvel brilhante
O trilho solto, o barulho
Do meu dente em tua veia
O sangue, o charco, barulho lento
O porto, silêncio!...
Navegar é preciso
Viver não é preciso...(6x)


terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Cassiano falou no calor da emoção??? Cassiano falou devido ao seu insucesso na campanha eleitoral 2012???

Terça-Feira, 29 de Janeiro de 2013 00h05
Veneziano não dá crédito às denúncias de seu ex-chefe de gabinete
Fonte: Da Redação
Texto:
Paraibaonline
O ex-prefeito de Campina Grande Veneziano Vital do Rêgo (PMDB) falou sobre as denúncias feitas pelo ex-vereador e ex-chefe de gabinete da sua gestão, Cassiano Pascoal (PMDB), feitas via Twitter, em relação a alguns nomes do seu antigo secretariado, a quem chamou de “bandidos”.

Conforme Veneziano, a atitude de Cassiano Pascoal foi emocional, pois frisou que as declarações do ex-vereador foram ocasionadas pelo insucesso dele na campanha de reeleição.

- Cada um de nós tem em sua mente um mundo próprio e cada um reage às emoções de forma diferente. Cassiano se candidatou em 2008 pela nossa coligação, sempre se mostrou muito interessado enquanto foi vereador e também como chefe de gabinete na minha gestão. O que ocorreu agora é que ele teve o insucesso na reeleição como vereador, como também o insucesso da mãe dele na majoritária. Penso que o que ele disse foi na emoção, e ele extrapolou – reforçou.

Veneziano ainda afirmou, na Rádio Correio FM, que mantém o contato com a ex-candidata a prefeita, Tatiana Medeiros (PMDB).

- Falo com Tatiana regularmente, principalmente agora com essas informações que foram divulgadas. Como Tatiana foi gestora na Secretaria de Saúde, ela teve que esclarecer e desmentir algumas informações anunciadas pela a atual gestão, as quais não procedem, como o sucateamento das ambulâncias do Samu. A nova gestão, por exemplo, não esclarece que o próprio programa do Samu prevê a chegada de ambulâncias para recompor as frotas – salientou o peemedebista.

Fonte: http://paraibaonline.com.br/noticia/873751

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Correções que levam a achados!

Hoje uma pessoa corrigiu o autor de uma frase sobre a utopia que está no blog; estava como se fosse de Galeano, mas para minha sorte alguém (atento) leu e avisou que se trata de uma frase de Fernando Birri. Antes de corrigir, fui fazer uma pesquisa no google sobre Birri e descobri nele uma pessoa que será fonte de pesquisa e que postarei aqui em outros momentos.
Ah tempo, tempo, tempo... quando fiz este blog pensei que teria tempo para ler mais, pesquisar mais e postar com mais frequência, mas somente este mês estou entrando aqui (como férias de verão) ... 
Vou tentar fazer diferente, prometo!

sábado, 12 de janeiro de 2013

Não deu para não compartilhar...


Esta é uma leitura para a alma. Parabéns Eliane Brum por tamanha sensibilidade e por partilhar um texto tão lindo.

Rosângela e o livro enterrado

A história de uma moradora de rua e sua luta para não perder as palavras que lhe dão existência

ELIANE BRUM
Eliane Brum, jornalista, escritora e documentarista (Foto: ÉPOCA)
Rosângela Ramos desenterrou um romance. Não como uma metáfora, mas como literalidade. Caminhou, cavou e tirou das margens do Guaíba, em Porto Alegre, um manuscrito escrito a lápis 6B com 107 páginas.

Conheci Rosângela em 2 de dezembro de 2011, um dia depois de ela ter enterrado este livro, que chamou de “O escárnio das fogueiras de papel”. Ela tinha viajado para São Paulo a convite do Itaú Cultural para um evento sobre reportagem. A cada encontro, discutia-se a importância de um repórter “ir para a rua” para contar a história contemporânea – o que significa sair das redações, da internet e do telefone para buscar a vida, espantar-se com ela e documentá-la. Rosângela ampliava essa perspectiva: ela é uma repórter “de” rua. Seu jornal, o Boca de Rua, é um dos poucos no mundo – talvez o único – feito por moradores de rua: da pauta, textos, fotos e ilustrações até a venda. E foi por ser moradora de rua que, na véspera da viagem, Rosângela se descobriu num impasse. Onde guardar o que lhe é precioso quando você não tem casa, não tem gavetas, não tem armário, não tem um lado de dentro? Como proteger o que lhe é mais caro quando o seu dentro fica no lado de fora?
Rosângela enterrou seu romance às margens do rio. Mas, no dia seguinte, dentro do avião, ao ver a terra lá embaixo, ela descobriu que não tinha contado para ninguém sobre o paradeiro do livro. Seu tesouro não tinha mapa fora dela. Se morresse no ar ou em São Paulo, o livro estaria para sempre perdido. Ou, como ela diz: “Talvez alguém descobrisse ao escavar para fazer uma das obras da Copa do Mundo”. Atormentada pelo medo de que suas palavras virassem silêncio na margem do rio, Rosângela não pôde dormir nesta primeira noite. E se suas palavras, como ela, seguissem – à margem?
A entrevista com Rosângela sobre sua experiência como repórter do Boca de Rua aconteceu numa sexta-feira, no auditório do Itaú Cultural. Foi gravada para o programa “Jogo de Ideias”, apresentado pelo jornalista Claudiney Ferreira. Em TV, existe a crença de que é preciso manter um determinado ritmo, dentro do qual supostamente as perguntas e as respostas fluem, de forma que o telespectador e também a plateia não se cansem e não troquem de canal. Rosângela ignorou por completo essa “necessidade” – trouxe com ela um outro tempo. O silêncio, que tanto assusta quem faz TV e rádio, era parte das respostas de Rosângela. Ela não podia ser compreendida sem que se escutasse também seu silêncio. Não como se tivesse ficado sem palavras por um momento – mas porque seu silêncio era também um dizer.
Rosângela, a mulher das ruas de concreto, se expressava mais por subjetividades. Não deu à plateia relatos brutais, que talvez fosse o que alguns esperassem dela. Os repórteres do Boca de Rua costumam morrer antes de envelhecer, muitas vezes antes da vida adulta. Mas quando perguntaram a ela do que morriam, Rosângela não descreveu nem as balas, nem as facas, nem os atropelamentos. Ela disse: “Morrem de morte moral”.

Quando acabou a entrevista, ela vendeu todo o seu estoque de jornais. Enquanto parte da plateia foi pra casa, outra parte jantar em algum bar ou restaurante, Rosângela anunciou que precisava caminhar pela Avenida Paulista. Depois de tanto tempo no lado de fora, Rosângela precisava ir para dentro. Partiu então num passo rápido noite adentro, como se soubesse exatamente aonde ia dar – e não sabia. Ou talvez soubesse que ninguém sabe aonde vai dar quando dá o primeiro passo.

Bem cedo no dia seguinte nos encontramos no seu hotel. Rosângela tem apenas 50% da visão em um olho, por causa de uma toxoplasmose que provocou lesões em sua retina. E no outro enxerga “sujo”, por causa de outra doença. No Boca de Rua, ela assim se apresenta: “Sou desenhista com curso em Valência, na Espanha”. O relato de sua vida é como sua visão – fragmentos, imagens às vezes borradas.
Rosângela pegaria o avião de volta perto do meio-dia. Levei o gravador. E ela gravou as coordenadas do local onde estava o seu romance: enterrado nas margens do Guaíba, em Porto Alegre, entre o fogo e o rio, com uma pedra por cima. Mais não direi. Se algo acontecesse com ela, eu deveria enviar essa gravação para Rosina Duarte, jornalista da ONG Alice, responsável pela supervisão do Boca de Rua. “Você tem certeza de que as informações são suficientes para encontrar o livro?”, perguntei, aflita. Vivi quase 17 anos em Porto Alegre e mesmo assim tinha certeza de que teria de escavar o Guaíba inteiro se quisesse encontrá-lo. Mas Rosângela garantiu que as coordenadas estavam claríssimas e que Rosina entenderia.
Conversamos então sobre a palavra escrita, o dentro e o fora. Agora, que ela desenterrou o livro, mandei perguntar se podia publicar nossa conversa. Rosângela disse “sim” – e aqui estamos.

- Por que você enterrou seu livro na beira do Guaíba?
Rosângela – Ali é o meu pátio. Porto Alegre, a Usina do Gasômetro, a orla do rio...

- Que necessidade te fez enterrá-lo?
Rosângela –
A necessidade de não perder. Eu já tinha perdido duas outras vezes. Uma vez deixei num banheiro público, outra num banco da Redenção (parque de Porto Alegre). Consegui recuperar, mas aí já tinha vivido o sofrimento de perder, a perda já tinha se tornado real para mim, e isso me deixou transtornada. Por isso, quando tive de viajar, eu não tinha outra alternativa. Não tinha mesmo outra alternativa: precisava enterrá-lo. Este medo de perder... na rua é muito real.
- E o que significa aquilo que está enterrado?
Rosângela –
É uma esquizofrenia. Ele (o livro) é como a rua: em cada esquina a gente encontra uma coisa nova, um dia diferente, uma situação, uma circunstância momentânea. Ele é assim. De capítulo em capítulo, de frase em frase, de palavra em palavra. Na maioria das vezes cai numa ironia, numa poesia, num vazio, num delírio, no caos. A metade deste trabalho eu fiz em casa, e a outra metade eu fiz na rua. Então ele toma rumos diferentes. Ele começa com um romance normal que acontece, de amor, e depois ele vai tomando esta forma de arte, e depois política. Então, quando eu venho pra rua, a rua entra ali, mas ela entra sutilmente, ela entra como reflexão. E no final ele se transforma numa alucinação, nesse caos que é a sociedade, tudo.
- De que as pessoas morrem na rua?
Rosângela –
Morrem de morte. Morrem de morte... moral. De frio, de chuva, de fome, de negligência. Morrem de assassinato, mesmo. Morrem de estupidez. Morrem pelo poder do qual outras pessoas se apropriam. Um exemplo: não abrir o acesso ao albergue onde tem a proteção de chuva, em dias de chuva. As pessoas se molham e só vão ser atendidas daí a duas horas, três horas, e são pessoas que estão doentes. E aquilo ali, a garoa, mata. Mata. Mata porque eu peguei documentos de hospitais de pessoas que depois de uma chuva foram internadas. Depois de ficarem molhadas, com a roupa molhada, ficaram doentes. Agrava. E de agravo em agravo morrem de negligência.
- É difícil sair do hotel e voltar pro albergue?
Rosângela –
Não, porque eu necessito do isolamento, do meu tempo, mas não necessito de luxo. Estar lá é o que me garante a observação daquilo tudo, daqueles detalhes. Me joguei num mar, sabe? É um lugar pequeno, mas, ao mesmo tempo, tu podes ficar ali anos e anos e vai haver sempre ondas distintas.
- Você já dormiu na rua?
Rosângela –
Sim, eu tentei chegar o mais próximo possível da realidade.
- É mais difícil viver na rua sendo mulher?
Rosângela –
É difícil, é complicado. Um cara chegou em mim me obrigando a dar dinheiro pra ele, e eu achei aquilo um absurdo e o enfrentei. Nos enfrentamos. Colocamos o nariz no nariz do outro. E ele disse que tinha uma faca. E me mostrou. Era uma faca enorme, de açougue. Um cabo branco. E me ameaçou. E eu disse pra ele que ele fizesse o que quisesse. Só que pensei, por um momento, qual era a arma que eu podia usar contra ele. E só podia ser uma arma mental. Eu podia desarmar ele mentalmente, eu tinha que fazer aquilo, não tinha outra alternativa. Pensei: vou dizer uma coisa bem absurda, que não tenha nada a ver com nada, pra ele raciocinar e dispersar. Eu olhei pra ele e eu disse assim: “Eu não vou te comer! Eu não vou te comer!”.
- E aí?
Rosângela –
Ele realmente desarmou completamente. No final, começou a rir. Eu tinha dito que não iria estuprá-lo.
- E qual é a diferença que você percebe entre as ruas de São Paulo e as de Porto Alegre?
Rosângela –
Quando eu vi as dimensões das ruas... Uma coisa é tu andares em Porto Alegre 30 km, 40 km por dia, na rota, vendendo jornal. Outra coisa é São Paulo, é fazer a Paulista. Acho que eu esperava que aqui fosse ter mais comida, mais sobras na rua. E não há. É por isso que eu acho que as pessoas estão intimidando. As pessoas da rua, de certa forma, intimidam os demais, pedindo. Porque, por um lado, as pessoas se negam a ajudar, e, por outro, aquelas pessoas estão ali. E são pessoas.
- Você achou as ruas de São Paulo mais duras?
Rosângela –
Achei. Mais violentas, mais duras. Porto Alegre, por pior que esteja a situação, as pessoas deixam coisas na rua. Já encontrei um espumante europeu geladíssimo num Ano-Novo. Há como sobreviver. As pessoas colocam comida na rua, que é o que a gente chama de “macaquinhos”. Eu não sei se existe isso aqui. As pessoas deixam comida pendurada pra gente na frente de casa. Então nós temos almoço. E nós temos os albergues. Há um albergue, o Felipe Diehl, que é cinco estrelas. Nos fornece roupa, comida. E comida muito boa. Até churrasco a gente come. Só que eu não estou lá. É o lugar que eu menos vou.
- Por quê?
Rosângela –
Porque lá tem tudo. Eu quero ir no albergue onde não tem e onde eu tenha de denunciar. Ali é que eu tenho que trabalhar (como repórter).
- Você pintava, e então perdeu parte da visão. Por isso começou a escrever?
Rosângela –
Pela dificuldade da visão e até pelo choque... porque perder a visão, pra quem quer ver as cores, é muito, muito complicado. Eu precisava resgatar essa vida de arte.
Entrar numa tela, sabe? Poder divagar ali, escrever, descrever. Eu pintava desde os 6 anos de idade. E esculpia. E até os 40 anos essa foi a minha inscrição, a minha forma de me comunicar com a vida, com o mundo.
- Naquela vez em que perdeu o livro, o que você perdeu?
Rosângela –
Naquele momento eu perdi o meu ego, que era a única coisa que eu tinha, sabe? Eu não consegui me recuperar mais, porque perdi tudo o que tinha feito.
- Sua história?
Rosângela –
Não, mas a poesia... A história, não. A história é o que menos me interessa. O que me interessa é a poesia, o além da história. Eu nem decidi ainda se vou publicar, nem sei se é possível o “Escárnio” existir como livro. Mas se eu decidir vai ser pelos outros, mesmo, porque eu já li.
- E é o suficiente você já tê-lo lido?
Rosângela –
Pra mim é. Pra mim, realmente é.
- Você embrulhou o livro em que, antes de enterrá-lo?
Rosângela –
Em sacolas de supermercado. Muitas.
- Você enterrou seu livro, mas, mesmo assim, não se recuperou de tê-lo perdido antes. E mesmo tendo achado o seu romance, a perda continuou em você. Por quê?
Rosângela –
É como agora. Enterrei, mas não avisei ninguém onde estava enterrado. E se acontecer alguma coisa? Talvez um dia escavem lá pra fazer a Copa do Mundo e encontrem.
- Eu acho linda essa história de um livro enterrado...
Rosângela –
Eu não vejo como lindo, isso. Eu vejo como desespero...
- Como você escreve?
Rosângela –
A lápis. Lápis 6B.
- Por que lápis?
Rosângela –
Porque ele é um lápis pra desenhar, um lápis macio. É por isso que eu digo que eu pintei um quadro. Eu tive de sintetizar um pouco, por falta de folhas, se quiser saber. Quando eu cheguei na rua, eu não tinha nem folha de ofício. Porque eu gosto de folhas limpas, sem linhas. E pra comprar uma folha, um maço de folhas de ofício, eu tinha que ter grana. E eu não tinha grana. Sabe? Naquele momento, eu não tinha... Eu não sabia como fazer. Eu pedi folhas de ofícios e pudim. Não ganhei nenhum.
- E como é escrever?
Rosângela –
Vou limpando... Como eu faço as esculturas. Limpando, limpando, limpando... Eu comecei ele ao contrário. Porque eu tenho mania de ler ao contrário, de pegar o jornal e começar do fim. E no início eu também não conseguia entender, no início eu não elucidava as coisas, estava tudo nas entrelinhas. Eu fui trazendo isso. Como pintar.
- Qual é a diferença de se expressar com palavras?
Rosângela –
Ah, foi incrível poder fazer isso. Arte é tridimensional. Com as palavras eu posso ir além das três dimensões. Eu posso cortar essa imagem como se cortasse com um punhal de dois fios... que não deixa nem cicatriz, sabe? Que corta a imagem e pode ir no âmago, no cerne, dentro, na víscera. Eu não me detenho no objeto, mas no que faz isso acontecer. O pensamento é o que leva ao movimento. O pensamento é o que leva à forma, é o que dá uma forma completa àquilo. Então eu aproveitei a história que eu contei, uma história comum, de vida, que acontece com qualquer pessoa, pra trazer todas essas nuances. E aí fui trazendo frases, palavras que eu já ouvi, que eu já vi, e fui colocando. Eu fui escolhendo palavras com muito cuidado.
- O que é a palavra pra você?
Rosângela –
A palavra é o imaterial. Porque ela vai além das coisas. As coisas são... coisas. Mas poder falar o que eu imagino, por exemplo: que dentro daquela parede lá, daquele prédio, daquele tijolo, o barro que tá ali, como foi construído, quem fez. Isto é muito mais do que um tijolo.
- Como é dormir num albergue? Como é nunca estar sozinha, pelo menos fisicamente?
Rosângela –
Eu durmo com 20 pessoas, mas na verdade eu não sei quantas têm. Porque são pessoas doentes, há pessoas que falam consigo mesmas. Então, não sei quantas são. Tem muitas. Então aquilo ali também foi pra mim uma experiência incrível. E o “Escárnio” vem assim, ele é assim. Uma situação termina e começa outra. É como a rua, onde a gente nunca sabe o que vai acontecer, o que vai encontrar, o que vai comer. Na casa, não. Na casa a gente sabe.
- Você queria um texto que fosse como a rua?
Rosângela –
É. Tivesse essa forma. Eu uso poucas palavras que definem a rua, quase nem falo, mas ela entra ali. E quem ler vai entender como a rua está presente ali. Mas ela aparece nas entrelinhas. Porque, na verdade, eu não escrevo. Na verdade, acho que eu escondo mais do que mostro.
- Como?
Rosângela –
O que está escrito, muitas vezes, é uma forma de não dizer nada. Terminar... aquele pensamento numa poesia. Especificamente em poesia, entende? O caos das palavras. Não dizer nada ou subentender aquilo. Isso o Mário Quintana fez espetacularmente bem. Mas... eu nunca escrevi e nunca havia lido um romance na vida.
- Não?
Rosângela –
Não.
- Qual foi o primeiro?
Rosângela -
O meu.
- O seu?
Rosângela –
Sim, o que eu escrevi. Porque eu detestava romance. Quando criança, eu não lia nada. Eu desenhava tudo. Pintava a roupa do Mickey, os cachorrinhos, os animais... Isto era o que eu fazia. Mas, ao escrever, eu queria escrever poesia, eu queria fazer o contrário das coisas reais, pormenorizadas, da linguagem dos documentos. Então fui escolhendo as palavras que fossem distorcendo um pouco, terminando em irreverência. Eu queria fazer poesia no nada. Fazer poesia no absurdo. Fazer o absurdo mesmo. E também o ridículo. E o impossível que é transformar o humano em além do humano.
- Como é pintar com palavras? Qual é a diferença?
Rosângela –
Pois eu não vejo essa diferença. É por isso que eu digo que é como um pincel. Eu digo: vou fazer exatamente como eu faço quando pinto. Porque é a diferença entre buscar e encontrar algo. E o “Escárnio” foi isso. Foi o encontrar... Eu não busquei, mas eu joguei, eu fiz uma estrutura de texto, uma história, e as outras eu fui jogando, fui colocando tudo ali e e fui buscando sentido. E fui encontrando frases incríveis. Eu acho que eu fui encontrando ali formas expressivas, que outros encontraram da mesma maneira, porque não há outro caminho senão passar por isso, entende? Elas vão automaticamente se agrupando, como um entendimento.
- Como você se sente depois que escreve?
Rosângela –
Completa. Assim... quando consigo completar um pensamento, eu me sinto completa.
- Como foi acordar em São Paulo?
Rosângela –
Eu acordei em um dos metros quadrados mais caros do mundo, que é a Avenida Paulista, aqui onde estão os tesouros. Aqui tem muita grana, enquanto eu lido com a miséria, com a fome, com a dor. Com a negligência. Então são duas coisas que fazem refletir. Eu estou aqui na Avenida Paulista, eu não estou debaixo de uma aba. Eu estou num hotel, com conforto. Então, este é o meu dentro. Mas, na verdade, é fora, entende? Hoje eu estou saindo daqui. E a rua é um sumidouro. Ele (o livro) é sobrevivência. Eu desistiria se não me tirasse da morte, porque a rua é um sumidouro.
Despedi-me de Rosângela no portão de embarque. Enquanto o avião não aterrissou em Porto Alegre, as palavras enterradas de Rosângela enterraram-se em mim como chumbo. Eu tinha o mapa do tesouro de outro, mas não entendia o mapa – e tinha dúvidas se alguém entenderia. E se o pior acontecesse e não conseguíssemos desenterrar as palavras que eram a vida de Rosângela, a sua não-morte? Mas Rosângela voou, aterrissou e voltou a trocar as asas pelos pés. E agora ela desenterrou seu livro.
O que, afinal, Rosângela enterrou? E o que desenterrou?
Escrever um livro é sempre desenterrar, acho eu. As palavras estão em algum lugar bem fundo de nós. Não um fundo que conhecemos, mas aquele lugar sem lugar que fica abaixo do fundo falso que existe em nossos interiores. Desenterrá-las significa arrancar um pouco de sangue dos nossos confins. Um livro é sempre meio ensanguentado, um pouco de vísceras, alguns miolos, um resto que não se sabe se é humano ou alienígena. Mas Rosângela desenterrou as palavras simbolicamente, como faz qualquer escritor – para depois enterrá-las literalmente. E botou uma pedra por cima, como fazemos para garantir que os mortos não escapem como outra coisa, como algo vivo demais para nos dar sossego, como algo capaz de nos assombrar. Ao enterrar na beira do rio o que desenterrou do fundo de si, o que Rosângela fez?
Ela nos conta que enterrou as palavras porque não queria perdê-las. E talvez esta seja a diferença. Antes de se escreverem, as palavras estão lá – dentro de nós, mas perdidas para nós. Ao desenterrar as palavras, escrevendo-as, Rosângela encontrou as dela. É isso o que ela diz quando explica que é preciso encontrá-las. E é também por isso que, naquele momento, bastava que ela tivesse lido as palavras. Se fosse publicá-las, seria para os outros. Então precisou enterrá-las para não perdê-las, agora de uma forma literal. Porque se as perdesse, o que aconteceria? Ela teria desenterrado as palavras de si e as perdido, o que significa que não poderia mais encontrá-las, nem dentro nem fora. As palavras seguiriam existindo, mas em lugar nenhum. Esta seria a perda insuportável – um tipo de morte.
E agora, Rosângela tirou a pedra, cavou e desenterrou as palavras. O que isso significa?
Talvez um dia Rosângela nos conte.
(Eliane Brum escreve às segundas-feiras.)


Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/eliane-brum/noticia/2013/01/rosangela-e-o-livro-enterrado.html


Campina Grande, PB. 20/02/2013

Continuando essa história....

Rosângela Ramos - Série Repórter - Jogo de Ideias (2011)

 
Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=Lh_igyLfRgo

A casa é sua...