Tempo, tempo, tempo, tempo...

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Metade (Oswaldo Montenegro)

Que a força do medo que tenhonão me impeça de ver o que anseioque a morte de tudo em que acreditonão me tape os ouvidos e a bocapois metade de mim é o que eu gritoa outra metade é silêncioQue a música que ouço ao longeseja linda ainda que tristezaque a mulher que amo seja pra sempre amadamesmo que distantepois metade de mim é partidaa outra metade é saudadeQue as palavras que falonão sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervorapenas respeitadas como a única coisaque resta a um homem inundado de sentimentospois metade de mim é o que ouçoa outra metade é o que caloQue a minha vontade de ir emborase transforme na calma e paz que mereçoque a tensão que me corrói por dentroseja um dia recompensadaporque metade de mim é o que pensoa outra metade um vulcãoQue o medo da solidão se afastee o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportávelque o espelho reflita meu rosto num doce sorrisoque me lembro ter dado na infânciapois metade de mim é a lembrança do que fuia outra metade não sei.Que não seja preciso mais do que uma simples alegriapra me fazer aquietar o espíritoe que o seu silêncio me fale cada vez maispois metade de mim é abrigoa outra metade é cansaçoQue a arte me aponte uma respostamesmo que ela mesma não saibae que ninguém a tente complicarpois é preciso simplicidade pra fazê-la florescerpois metade de mim é platéiaa outra metade é cançãoQue a minha loucura seja perdoadapois metade de mim é amore a outra metade também

2 comentários:

  1. Adê,adoro Metade de Osvaldo Montenegro. Ótima escolha para postagem!
    Lila

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  2. Oi, amiga! Obrigada pelo comentário carinhoso! Colocarei as amiguinhas da Olga, ok? Muitos beijinhos de Luz, estou levando seu link! Pegue um selinho do Espaço Educar para Você! Bjokas!!!

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