Tempo, tempo, tempo, tempo...

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Navegar é preciso/ Viver não é preciso...

Os Argonautas

Chico Buarque

O Barco!
Meu coração não aguenta
Tanta tormenta, alegria
Meu coração não contenta
O dia, o marco, meu coração
O porto, não!...
Navegar é preciso
Viver não é preciso...(2x)
O Barco!
Noite no teu, tão bonito
Sorriso solto perdido
Horizonte, madrugada
O riso, o arco da madrugada
O porto, nada!...
Navegar é preciso
Viver não é preciso (2x)
O Barco!
O automóvel brilhante
O trilho solto, o barulho
Do meu dente em tua veia
O sangue, o charco, barulho lento
O porto, silêncio!...
Navegar é preciso
Viver não é preciso...(6x)


terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Cassiano falou no calor da emoção??? Cassiano falou devido ao seu insucesso na campanha eleitoral 2012???

Terça-Feira, 29 de Janeiro de 2013 00h05
Veneziano não dá crédito às denúncias de seu ex-chefe de gabinete
Fonte: Da Redação
Texto:
Paraibaonline
O ex-prefeito de Campina Grande Veneziano Vital do Rêgo (PMDB) falou sobre as denúncias feitas pelo ex-vereador e ex-chefe de gabinete da sua gestão, Cassiano Pascoal (PMDB), feitas via Twitter, em relação a alguns nomes do seu antigo secretariado, a quem chamou de “bandidos”.

Conforme Veneziano, a atitude de Cassiano Pascoal foi emocional, pois frisou que as declarações do ex-vereador foram ocasionadas pelo insucesso dele na campanha de reeleição.

- Cada um de nós tem em sua mente um mundo próprio e cada um reage às emoções de forma diferente. Cassiano se candidatou em 2008 pela nossa coligação, sempre se mostrou muito interessado enquanto foi vereador e também como chefe de gabinete na minha gestão. O que ocorreu agora é que ele teve o insucesso na reeleição como vereador, como também o insucesso da mãe dele na majoritária. Penso que o que ele disse foi na emoção, e ele extrapolou – reforçou.

Veneziano ainda afirmou, na Rádio Correio FM, que mantém o contato com a ex-candidata a prefeita, Tatiana Medeiros (PMDB).

- Falo com Tatiana regularmente, principalmente agora com essas informações que foram divulgadas. Como Tatiana foi gestora na Secretaria de Saúde, ela teve que esclarecer e desmentir algumas informações anunciadas pela a atual gestão, as quais não procedem, como o sucateamento das ambulâncias do Samu. A nova gestão, por exemplo, não esclarece que o próprio programa do Samu prevê a chegada de ambulâncias para recompor as frotas – salientou o peemedebista.

Fonte: http://paraibaonline.com.br/noticia/873751

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Correções que levam a achados!

Hoje uma pessoa corrigiu o autor de uma frase sobre a utopia que está no blog; estava como se fosse de Galeano, mas para minha sorte alguém (atento) leu e avisou que se trata de uma frase de Fernando Birri. Antes de corrigir, fui fazer uma pesquisa no google sobre Birri e descobri nele uma pessoa que será fonte de pesquisa e que postarei aqui em outros momentos.
Ah tempo, tempo, tempo... quando fiz este blog pensei que teria tempo para ler mais, pesquisar mais e postar com mais frequência, mas somente este mês estou entrando aqui (como férias de verão) ... 
Vou tentar fazer diferente, prometo!

sábado, 12 de janeiro de 2013

Não deu para não compartilhar...


Esta é uma leitura para a alma. Parabéns Eliane Brum por tamanha sensibilidade e por partilhar um texto tão lindo.

Rosângela e o livro enterrado

A história de uma moradora de rua e sua luta para não perder as palavras que lhe dão existência

ELIANE BRUM
Eliane Brum, jornalista, escritora e documentarista (Foto: ÉPOCA)
Rosângela Ramos desenterrou um romance. Não como uma metáfora, mas como literalidade. Caminhou, cavou e tirou das margens do Guaíba, em Porto Alegre, um manuscrito escrito a lápis 6B com 107 páginas.

Conheci Rosângela em 2 de dezembro de 2011, um dia depois de ela ter enterrado este livro, que chamou de “O escárnio das fogueiras de papel”. Ela tinha viajado para São Paulo a convite do Itaú Cultural para um evento sobre reportagem. A cada encontro, discutia-se a importância de um repórter “ir para a rua” para contar a história contemporânea – o que significa sair das redações, da internet e do telefone para buscar a vida, espantar-se com ela e documentá-la. Rosângela ampliava essa perspectiva: ela é uma repórter “de” rua. Seu jornal, o Boca de Rua, é um dos poucos no mundo – talvez o único – feito por moradores de rua: da pauta, textos, fotos e ilustrações até a venda. E foi por ser moradora de rua que, na véspera da viagem, Rosângela se descobriu num impasse. Onde guardar o que lhe é precioso quando você não tem casa, não tem gavetas, não tem armário, não tem um lado de dentro? Como proteger o que lhe é mais caro quando o seu dentro fica no lado de fora?
Rosângela enterrou seu romance às margens do rio. Mas, no dia seguinte, dentro do avião, ao ver a terra lá embaixo, ela descobriu que não tinha contado para ninguém sobre o paradeiro do livro. Seu tesouro não tinha mapa fora dela. Se morresse no ar ou em São Paulo, o livro estaria para sempre perdido. Ou, como ela diz: “Talvez alguém descobrisse ao escavar para fazer uma das obras da Copa do Mundo”. Atormentada pelo medo de que suas palavras virassem silêncio na margem do rio, Rosângela não pôde dormir nesta primeira noite. E se suas palavras, como ela, seguissem – à margem?
A entrevista com Rosângela sobre sua experiência como repórter do Boca de Rua aconteceu numa sexta-feira, no auditório do Itaú Cultural. Foi gravada para o programa “Jogo de Ideias”, apresentado pelo jornalista Claudiney Ferreira. Em TV, existe a crença de que é preciso manter um determinado ritmo, dentro do qual supostamente as perguntas e as respostas fluem, de forma que o telespectador e também a plateia não se cansem e não troquem de canal. Rosângela ignorou por completo essa “necessidade” – trouxe com ela um outro tempo. O silêncio, que tanto assusta quem faz TV e rádio, era parte das respostas de Rosângela. Ela não podia ser compreendida sem que se escutasse também seu silêncio. Não como se tivesse ficado sem palavras por um momento – mas porque seu silêncio era também um dizer.
Rosângela, a mulher das ruas de concreto, se expressava mais por subjetividades. Não deu à plateia relatos brutais, que talvez fosse o que alguns esperassem dela. Os repórteres do Boca de Rua costumam morrer antes de envelhecer, muitas vezes antes da vida adulta. Mas quando perguntaram a ela do que morriam, Rosângela não descreveu nem as balas, nem as facas, nem os atropelamentos. Ela disse: “Morrem de morte moral”.

Quando acabou a entrevista, ela vendeu todo o seu estoque de jornais. Enquanto parte da plateia foi pra casa, outra parte jantar em algum bar ou restaurante, Rosângela anunciou que precisava caminhar pela Avenida Paulista. Depois de tanto tempo no lado de fora, Rosângela precisava ir para dentro. Partiu então num passo rápido noite adentro, como se soubesse exatamente aonde ia dar – e não sabia. Ou talvez soubesse que ninguém sabe aonde vai dar quando dá o primeiro passo.

Bem cedo no dia seguinte nos encontramos no seu hotel. Rosângela tem apenas 50% da visão em um olho, por causa de uma toxoplasmose que provocou lesões em sua retina. E no outro enxerga “sujo”, por causa de outra doença. No Boca de Rua, ela assim se apresenta: “Sou desenhista com curso em Valência, na Espanha”. O relato de sua vida é como sua visão – fragmentos, imagens às vezes borradas.
Rosângela pegaria o avião de volta perto do meio-dia. Levei o gravador. E ela gravou as coordenadas do local onde estava o seu romance: enterrado nas margens do Guaíba, em Porto Alegre, entre o fogo e o rio, com uma pedra por cima. Mais não direi. Se algo acontecesse com ela, eu deveria enviar essa gravação para Rosina Duarte, jornalista da ONG Alice, responsável pela supervisão do Boca de Rua. “Você tem certeza de que as informações são suficientes para encontrar o livro?”, perguntei, aflita. Vivi quase 17 anos em Porto Alegre e mesmo assim tinha certeza de que teria de escavar o Guaíba inteiro se quisesse encontrá-lo. Mas Rosângela garantiu que as coordenadas estavam claríssimas e que Rosina entenderia.
Conversamos então sobre a palavra escrita, o dentro e o fora. Agora, que ela desenterrou o livro, mandei perguntar se podia publicar nossa conversa. Rosângela disse “sim” – e aqui estamos.

- Por que você enterrou seu livro na beira do Guaíba?
Rosângela – Ali é o meu pátio. Porto Alegre, a Usina do Gasômetro, a orla do rio...

- Que necessidade te fez enterrá-lo?
Rosângela –
A necessidade de não perder. Eu já tinha perdido duas outras vezes. Uma vez deixei num banheiro público, outra num banco da Redenção (parque de Porto Alegre). Consegui recuperar, mas aí já tinha vivido o sofrimento de perder, a perda já tinha se tornado real para mim, e isso me deixou transtornada. Por isso, quando tive de viajar, eu não tinha outra alternativa. Não tinha mesmo outra alternativa: precisava enterrá-lo. Este medo de perder... na rua é muito real.
- E o que significa aquilo que está enterrado?
Rosângela –
É uma esquizofrenia. Ele (o livro) é como a rua: em cada esquina a gente encontra uma coisa nova, um dia diferente, uma situação, uma circunstância momentânea. Ele é assim. De capítulo em capítulo, de frase em frase, de palavra em palavra. Na maioria das vezes cai numa ironia, numa poesia, num vazio, num delírio, no caos. A metade deste trabalho eu fiz em casa, e a outra metade eu fiz na rua. Então ele toma rumos diferentes. Ele começa com um romance normal que acontece, de amor, e depois ele vai tomando esta forma de arte, e depois política. Então, quando eu venho pra rua, a rua entra ali, mas ela entra sutilmente, ela entra como reflexão. E no final ele se transforma numa alucinação, nesse caos que é a sociedade, tudo.
- De que as pessoas morrem na rua?
Rosângela –
Morrem de morte. Morrem de morte... moral. De frio, de chuva, de fome, de negligência. Morrem de assassinato, mesmo. Morrem de estupidez. Morrem pelo poder do qual outras pessoas se apropriam. Um exemplo: não abrir o acesso ao albergue onde tem a proteção de chuva, em dias de chuva. As pessoas se molham e só vão ser atendidas daí a duas horas, três horas, e são pessoas que estão doentes. E aquilo ali, a garoa, mata. Mata. Mata porque eu peguei documentos de hospitais de pessoas que depois de uma chuva foram internadas. Depois de ficarem molhadas, com a roupa molhada, ficaram doentes. Agrava. E de agravo em agravo morrem de negligência.
- É difícil sair do hotel e voltar pro albergue?
Rosângela –
Não, porque eu necessito do isolamento, do meu tempo, mas não necessito de luxo. Estar lá é o que me garante a observação daquilo tudo, daqueles detalhes. Me joguei num mar, sabe? É um lugar pequeno, mas, ao mesmo tempo, tu podes ficar ali anos e anos e vai haver sempre ondas distintas.
- Você já dormiu na rua?
Rosângela –
Sim, eu tentei chegar o mais próximo possível da realidade.
- É mais difícil viver na rua sendo mulher?
Rosângela –
É difícil, é complicado. Um cara chegou em mim me obrigando a dar dinheiro pra ele, e eu achei aquilo um absurdo e o enfrentei. Nos enfrentamos. Colocamos o nariz no nariz do outro. E ele disse que tinha uma faca. E me mostrou. Era uma faca enorme, de açougue. Um cabo branco. E me ameaçou. E eu disse pra ele que ele fizesse o que quisesse. Só que pensei, por um momento, qual era a arma que eu podia usar contra ele. E só podia ser uma arma mental. Eu podia desarmar ele mentalmente, eu tinha que fazer aquilo, não tinha outra alternativa. Pensei: vou dizer uma coisa bem absurda, que não tenha nada a ver com nada, pra ele raciocinar e dispersar. Eu olhei pra ele e eu disse assim: “Eu não vou te comer! Eu não vou te comer!”.
- E aí?
Rosângela –
Ele realmente desarmou completamente. No final, começou a rir. Eu tinha dito que não iria estuprá-lo.
- E qual é a diferença que você percebe entre as ruas de São Paulo e as de Porto Alegre?
Rosângela –
Quando eu vi as dimensões das ruas... Uma coisa é tu andares em Porto Alegre 30 km, 40 km por dia, na rota, vendendo jornal. Outra coisa é São Paulo, é fazer a Paulista. Acho que eu esperava que aqui fosse ter mais comida, mais sobras na rua. E não há. É por isso que eu acho que as pessoas estão intimidando. As pessoas da rua, de certa forma, intimidam os demais, pedindo. Porque, por um lado, as pessoas se negam a ajudar, e, por outro, aquelas pessoas estão ali. E são pessoas.
- Você achou as ruas de São Paulo mais duras?
Rosângela –
Achei. Mais violentas, mais duras. Porto Alegre, por pior que esteja a situação, as pessoas deixam coisas na rua. Já encontrei um espumante europeu geladíssimo num Ano-Novo. Há como sobreviver. As pessoas colocam comida na rua, que é o que a gente chama de “macaquinhos”. Eu não sei se existe isso aqui. As pessoas deixam comida pendurada pra gente na frente de casa. Então nós temos almoço. E nós temos os albergues. Há um albergue, o Felipe Diehl, que é cinco estrelas. Nos fornece roupa, comida. E comida muito boa. Até churrasco a gente come. Só que eu não estou lá. É o lugar que eu menos vou.
- Por quê?
Rosângela –
Porque lá tem tudo. Eu quero ir no albergue onde não tem e onde eu tenha de denunciar. Ali é que eu tenho que trabalhar (como repórter).
- Você pintava, e então perdeu parte da visão. Por isso começou a escrever?
Rosângela –
Pela dificuldade da visão e até pelo choque... porque perder a visão, pra quem quer ver as cores, é muito, muito complicado. Eu precisava resgatar essa vida de arte.
Entrar numa tela, sabe? Poder divagar ali, escrever, descrever. Eu pintava desde os 6 anos de idade. E esculpia. E até os 40 anos essa foi a minha inscrição, a minha forma de me comunicar com a vida, com o mundo.
- Naquela vez em que perdeu o livro, o que você perdeu?
Rosângela –
Naquele momento eu perdi o meu ego, que era a única coisa que eu tinha, sabe? Eu não consegui me recuperar mais, porque perdi tudo o que tinha feito.
- Sua história?
Rosângela –
Não, mas a poesia... A história, não. A história é o que menos me interessa. O que me interessa é a poesia, o além da história. Eu nem decidi ainda se vou publicar, nem sei se é possível o “Escárnio” existir como livro. Mas se eu decidir vai ser pelos outros, mesmo, porque eu já li.
- E é o suficiente você já tê-lo lido?
Rosângela –
Pra mim é. Pra mim, realmente é.
- Você embrulhou o livro em que, antes de enterrá-lo?
Rosângela –
Em sacolas de supermercado. Muitas.
- Você enterrou seu livro, mas, mesmo assim, não se recuperou de tê-lo perdido antes. E mesmo tendo achado o seu romance, a perda continuou em você. Por quê?
Rosângela –
É como agora. Enterrei, mas não avisei ninguém onde estava enterrado. E se acontecer alguma coisa? Talvez um dia escavem lá pra fazer a Copa do Mundo e encontrem.
- Eu acho linda essa história de um livro enterrado...
Rosângela –
Eu não vejo como lindo, isso. Eu vejo como desespero...
- Como você escreve?
Rosângela –
A lápis. Lápis 6B.
- Por que lápis?
Rosângela –
Porque ele é um lápis pra desenhar, um lápis macio. É por isso que eu digo que eu pintei um quadro. Eu tive de sintetizar um pouco, por falta de folhas, se quiser saber. Quando eu cheguei na rua, eu não tinha nem folha de ofício. Porque eu gosto de folhas limpas, sem linhas. E pra comprar uma folha, um maço de folhas de ofício, eu tinha que ter grana. E eu não tinha grana. Sabe? Naquele momento, eu não tinha... Eu não sabia como fazer. Eu pedi folhas de ofícios e pudim. Não ganhei nenhum.
- E como é escrever?
Rosângela –
Vou limpando... Como eu faço as esculturas. Limpando, limpando, limpando... Eu comecei ele ao contrário. Porque eu tenho mania de ler ao contrário, de pegar o jornal e começar do fim. E no início eu também não conseguia entender, no início eu não elucidava as coisas, estava tudo nas entrelinhas. Eu fui trazendo isso. Como pintar.
- Qual é a diferença de se expressar com palavras?
Rosângela –
Ah, foi incrível poder fazer isso. Arte é tridimensional. Com as palavras eu posso ir além das três dimensões. Eu posso cortar essa imagem como se cortasse com um punhal de dois fios... que não deixa nem cicatriz, sabe? Que corta a imagem e pode ir no âmago, no cerne, dentro, na víscera. Eu não me detenho no objeto, mas no que faz isso acontecer. O pensamento é o que leva ao movimento. O pensamento é o que leva à forma, é o que dá uma forma completa àquilo. Então eu aproveitei a história que eu contei, uma história comum, de vida, que acontece com qualquer pessoa, pra trazer todas essas nuances. E aí fui trazendo frases, palavras que eu já ouvi, que eu já vi, e fui colocando. Eu fui escolhendo palavras com muito cuidado.
- O que é a palavra pra você?
Rosângela –
A palavra é o imaterial. Porque ela vai além das coisas. As coisas são... coisas. Mas poder falar o que eu imagino, por exemplo: que dentro daquela parede lá, daquele prédio, daquele tijolo, o barro que tá ali, como foi construído, quem fez. Isto é muito mais do que um tijolo.
- Como é dormir num albergue? Como é nunca estar sozinha, pelo menos fisicamente?
Rosângela –
Eu durmo com 20 pessoas, mas na verdade eu não sei quantas têm. Porque são pessoas doentes, há pessoas que falam consigo mesmas. Então, não sei quantas são. Tem muitas. Então aquilo ali também foi pra mim uma experiência incrível. E o “Escárnio” vem assim, ele é assim. Uma situação termina e começa outra. É como a rua, onde a gente nunca sabe o que vai acontecer, o que vai encontrar, o que vai comer. Na casa, não. Na casa a gente sabe.
- Você queria um texto que fosse como a rua?
Rosângela –
É. Tivesse essa forma. Eu uso poucas palavras que definem a rua, quase nem falo, mas ela entra ali. E quem ler vai entender como a rua está presente ali. Mas ela aparece nas entrelinhas. Porque, na verdade, eu não escrevo. Na verdade, acho que eu escondo mais do que mostro.
- Como?
Rosângela –
O que está escrito, muitas vezes, é uma forma de não dizer nada. Terminar... aquele pensamento numa poesia. Especificamente em poesia, entende? O caos das palavras. Não dizer nada ou subentender aquilo. Isso o Mário Quintana fez espetacularmente bem. Mas... eu nunca escrevi e nunca havia lido um romance na vida.
- Não?
Rosângela –
Não.
- Qual foi o primeiro?
Rosângela -
O meu.
- O seu?
Rosângela –
Sim, o que eu escrevi. Porque eu detestava romance. Quando criança, eu não lia nada. Eu desenhava tudo. Pintava a roupa do Mickey, os cachorrinhos, os animais... Isto era o que eu fazia. Mas, ao escrever, eu queria escrever poesia, eu queria fazer o contrário das coisas reais, pormenorizadas, da linguagem dos documentos. Então fui escolhendo as palavras que fossem distorcendo um pouco, terminando em irreverência. Eu queria fazer poesia no nada. Fazer poesia no absurdo. Fazer o absurdo mesmo. E também o ridículo. E o impossível que é transformar o humano em além do humano.
- Como é pintar com palavras? Qual é a diferença?
Rosângela –
Pois eu não vejo essa diferença. É por isso que eu digo que é como um pincel. Eu digo: vou fazer exatamente como eu faço quando pinto. Porque é a diferença entre buscar e encontrar algo. E o “Escárnio” foi isso. Foi o encontrar... Eu não busquei, mas eu joguei, eu fiz uma estrutura de texto, uma história, e as outras eu fui jogando, fui colocando tudo ali e e fui buscando sentido. E fui encontrando frases incríveis. Eu acho que eu fui encontrando ali formas expressivas, que outros encontraram da mesma maneira, porque não há outro caminho senão passar por isso, entende? Elas vão automaticamente se agrupando, como um entendimento.
- Como você se sente depois que escreve?
Rosângela –
Completa. Assim... quando consigo completar um pensamento, eu me sinto completa.
- Como foi acordar em São Paulo?
Rosângela –
Eu acordei em um dos metros quadrados mais caros do mundo, que é a Avenida Paulista, aqui onde estão os tesouros. Aqui tem muita grana, enquanto eu lido com a miséria, com a fome, com a dor. Com a negligência. Então são duas coisas que fazem refletir. Eu estou aqui na Avenida Paulista, eu não estou debaixo de uma aba. Eu estou num hotel, com conforto. Então, este é o meu dentro. Mas, na verdade, é fora, entende? Hoje eu estou saindo daqui. E a rua é um sumidouro. Ele (o livro) é sobrevivência. Eu desistiria se não me tirasse da morte, porque a rua é um sumidouro.
Despedi-me de Rosângela no portão de embarque. Enquanto o avião não aterrissou em Porto Alegre, as palavras enterradas de Rosângela enterraram-se em mim como chumbo. Eu tinha o mapa do tesouro de outro, mas não entendia o mapa – e tinha dúvidas se alguém entenderia. E se o pior acontecesse e não conseguíssemos desenterrar as palavras que eram a vida de Rosângela, a sua não-morte? Mas Rosângela voou, aterrissou e voltou a trocar as asas pelos pés. E agora ela desenterrou seu livro.
O que, afinal, Rosângela enterrou? E o que desenterrou?
Escrever um livro é sempre desenterrar, acho eu. As palavras estão em algum lugar bem fundo de nós. Não um fundo que conhecemos, mas aquele lugar sem lugar que fica abaixo do fundo falso que existe em nossos interiores. Desenterrá-las significa arrancar um pouco de sangue dos nossos confins. Um livro é sempre meio ensanguentado, um pouco de vísceras, alguns miolos, um resto que não se sabe se é humano ou alienígena. Mas Rosângela desenterrou as palavras simbolicamente, como faz qualquer escritor – para depois enterrá-las literalmente. E botou uma pedra por cima, como fazemos para garantir que os mortos não escapem como outra coisa, como algo vivo demais para nos dar sossego, como algo capaz de nos assombrar. Ao enterrar na beira do rio o que desenterrou do fundo de si, o que Rosângela fez?
Ela nos conta que enterrou as palavras porque não queria perdê-las. E talvez esta seja a diferença. Antes de se escreverem, as palavras estão lá – dentro de nós, mas perdidas para nós. Ao desenterrar as palavras, escrevendo-as, Rosângela encontrou as dela. É isso o que ela diz quando explica que é preciso encontrá-las. E é também por isso que, naquele momento, bastava que ela tivesse lido as palavras. Se fosse publicá-las, seria para os outros. Então precisou enterrá-las para não perdê-las, agora de uma forma literal. Porque se as perdesse, o que aconteceria? Ela teria desenterrado as palavras de si e as perdido, o que significa que não poderia mais encontrá-las, nem dentro nem fora. As palavras seguiriam existindo, mas em lugar nenhum. Esta seria a perda insuportável – um tipo de morte.
E agora, Rosângela tirou a pedra, cavou e desenterrou as palavras. O que isso significa?
Talvez um dia Rosângela nos conte.
(Eliane Brum escreve às segundas-feiras.)


Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/eliane-brum/noticia/2013/01/rosangela-e-o-livro-enterrado.html


Campina Grande, PB. 20/02/2013

Continuando essa história....

Rosângela Ramos - Série Repórter - Jogo de Ideias (2011)

 
Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=Lh_igyLfRgo

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

E o bafafá continua...

De acordo com o Sr. Éder Rotondano (ex-coordenador do Programa Fome Zero em Campina), as denúncias de que o Programa tinha contratado 518 prestadores de serviço não procede. O ex-coordenador através das redes sociais rebateu as acusações e informou que  "existe uma folha de prestadores de serviços na PMCG, onde estão incluídos também os prestadores do Fome Zero" e "estão arquivados na coordenadoria para qualquer tipo de análise".

Com relação ao número indicado de 30 funcionários para dar conta do funcionamento do Programa no município, segundo Rotondano, seria insuficiente, visto que em Campina temos 09 (nove) cozinhas comunitárias, 02 (dois) restaurantes populares que funcionam com café da manhã, almoço e jantar e 01 (um) banco de alimentos.

É necessário que se busque a verdade, pois não podemos condenar ninguém sem que antes aconteça uma investigação para que se possa inocentar ou punir os responsáveis.
 
Por isso mesmo eu não entendo como há pessoas que sejam contrárias a instauração de uma CPI, pois a mesma para os inocentes significa justamente a oportunidade de "lavar a honra" que fora maculada por acusações levianas.

Eita que Campina tá que tá...

Mais uma situação para ser investigada na Serra da Borborema. Espero que  não fique só figurando como uma denúncia, mas que se apure os fatos e traga a verdade à tona. Afinal, Campina merece! 

Acabo de ler em alguns sites e redes sociais que o Programa Fome Zero aqui em Campina Grande, PB contratou cerca de 518 pessoas. O problema é que, segundo relatos, bastaria 30 funcionários para que o Programa funcionasse. Nunca fui boa em matemática, mas essa continha de subtração mostra que há um número bastante expressivo de funcionários; a denúncia vai além de números quando apontam que o aumento no número de contratações ocorreu justamente no período eleitoral... Por que será?! 
 
O fato é que teremos mais uma notícia sendo possível demanda para investigação do MP.

Adenize de Oliveira

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Apenas registrando... só isso!!!

"É melhor prevenir do que remediar..."


Socializando o que Lenildo Ferreira postou em seu blog acerca das denúncias de Cassiano Pascoal e da opinião do vereador Olímpio Oliveira. Segue abaixo...


Declarações de Cassiano: Olímpio Oliveira não vê "fato determinado" para abertura de CPI

09/01/13

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Nos corredores da Casa de Félix Araújo, já se fala na possibilidade de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as denúncias contidas em declarações do ex-vereador Cassiano Pascoal (PMDB), que, como já é de domínio público, através das redes sociais detonou ex-secretários da gestão passada.

O vereador Olímpio Oliveira (também do PMDB), no entanto, acredita que falta, no caso Cassiano, o requisito fundamental para abertura de uma CPI. “À luz do Artigo 58 da Constituição Federal, há alguns requisitos para instalação de uma CPI. E a maior dificuldade que encontro para essa idéia prosperar na Câmara é (a inexistência de) um fato determinado. Você só instala uma investigação com fato determinado”, comentou Olímpio.

O vereador, que é advogado e delegado da Polícia Civil, acredita que, apesar da gravidade das declarações do seu ex-colega de parlamento, as acusações desferidas através das redes sociais não apresentaram indícios de materialidade.

“Fato determinado, segundo o professor Pinto Ferreira, um dos maiores constitucionalistas que esse país já teve, é fato concreto. Alguém diz que o outro é ladrão, mas, roubou o que? Falta essa materialidade, ou pelo menos indício dessa materialidade”, ponderou o peemedebista.

O comentário de Olímpio Oliveira aconteceu durante o programa Cariri em Destaque, da Rádio Cariri AM, apresentado por Marcio Furtado, Eliomar Gouveia e Lenildo Ferreira. O programa vai ao ar de segunda a sexta, das 18h às 19h.
 

E por falar em CPI Campina não fica atrás... vamos esperar que de fato a CPI aconteça.

CPI: Napoleão Maracajá vai protocolar pedido de investigação de denúncias de ex-vereador

09/01/13

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O vereador Napoleão Maracajá (PC do B) afirmou, nesta quarta-feira, que a Câmara Municipal precisa investigar as denúncias feitas pelo ex-vereador Cassiano Pascoal (PMDB) através das redes sociais. “Eu fui, possivelmente, o primeiro vereador a dizer que as declarações do ex-vereador são gravíssimas”, pontuou Napoleão.

Questionado sobre a possibilidade da instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o caso, o comunista afirmou que não apenas concorda com a CPI como vai protocolar requerimento de investigação no parlamento municipal. “Uma das primeiras solicitações nossas será que a Câmara convoque o ex-vereador para que ele possa esclarecer ao povo de Campina Grande as denúncias que veiculou nas redes sociais”, confirmou.

Para Napoleão, o fato de as polêmicas declarações partirem de um nome da linha de frente do governo passado é um aspecto que reforça a gravidade das acusações.

“São denúncias muito graves. Mas, elas partem de uma pessoa que tem propriedade para falar porque passou por dentro do governo do qual ele faz essa denúncias (contra) membros desse governo. São denúncias que merecem credibilidade, pelo menos no tocante à fonte da informação, porque é alguém que participou do mesmo grupo, que vivenciou esse governo. Então, declarações deste tipo não podem ser desprezadas”, asseverou Maracajá.
 

Prevenir é preciso... trabalhar também!!! Socializando II

Artigo: DROGAS: a importância dos programas de prevenção no ambiente de trabalho. Revista Contadores em Ação. Ano IV – Nº 04. Set/2012. Campina Grande, PB.

Prevenir é preciso... trabalhar também!!! Socializando.

Artigo: DROGAS = ATENÇÃO: Não temos como acabar. Mas, é preciso ficar atento e aprender a conviver com esse fenômeno. Revista Hoje. Ano II – Nº 02. Jan/2010. Campina Grande, PB.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Mais um adolescente é vítima da violência em Campina Grande, PB.

Estamos assistindo com frequência ser noticiado na mídia local casos de violência envolvendo crianças e adolescentes. Precisamos fazer algo para enfrentar esta situação. Os casos de violência em sua maioria tem relação com o uso/ dependência ou tráfico de drogas. Segue abaixo matéria veiculado no blog de Márcio Rangel.

 

Campina Grande/PB: jovem de 17 anos é executado com 5 tiros de espingarda 12 no Santa Rosa; vítima teve os dentes arrancados por inimigos


Foto feita por um morador, instantes após o crime
A polícia de Campina Grande registrou na noite desta segunda-feira (07) o 5º assassinato neste ano de 2013 na cidade. A vítima desta vez, foi um jovem de 17 anos que era ex-detento do Lar do Garoto. Ele foi assassinado com 5 tiros de espingarda calibre 12 na cabeça bem próximo a sua residência. No último dia 1º o rapaz já havia sofrido um atentado, quando foi espancado e teve quase todos os dentes arrancados pelos criminosos.
De acordo com a Polícia Militar o crime aconteceu por volta das 20h30, na Rua Ioiô Cavalcante, no bairro de Santa Rosa, Zona Sul da cidade.
O jovem Willian Farias, seguia de bicicleta para jogar videogame em um playtime, quando foi surpreendido por dois homens que chegaram em uma moto e usando capacetes. Os bandidos dispararam 5 vezes contra a cabeça do rapaz que morreu na hora.
Testemunhas contaram que a ação foi rápida e os assassinos figuram sem deixar pistas.
Willian era bastante conhecido no bairro onde morava pelos crimes que praticava. O jovem estava apreendido no Lar do Garoto em Lagoa Seca, depois que invadiu e roubou a casa da própria tia, também no bairro de Santa Rosa.
Em liberdade, na noite do último dia 1º, o jovem bebeu demais e acabou dormindo em uma das calçadas da rua onde morava. Ele foi flagrado por inimigos, que além de agredi lo com socos e pontapés, arrancaram grande partes dos dentes de sua boca.
O rapaz, segundo informações da polícia, também era viciado em drogas e teve os dentes arrancados por que devia dinheiro aos traficantes.
O corpo foi encaminhado para o Núcleo de Medicina Legal de Campina Grande. Até agora, ninguém foi preso.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Cassiano abre a boca e...

 Em Campina, através do twitter de Cassiano Pascoal, ficamos sabendo de  umas "coisinhas" que, segundo o mesmo, acontecia na PMCG na gestão do Sr. Veneziano Vital do Rêgo. As denúncias explodiram na rede social, mas infelizmente não acho que ganharam a repercussão que deveria, principalmente na TV. É uma denúncia séria feita por Cassiano e que requer que medidas sérias sejam levadas a termo.

Algumas pessoas públicas demonstram preocupação com o desfecho dessa novela no sentido de se buscar apurar bem os fatos e se necessário instalar uma CPI, mas acredito que iremos esperar muito mais que o tempo de uma gestação para que venha a público uma resposta à sociedade campinense.

Uma coisa é certa não devemos deixar que joguem para baixo do tapete estas e outras sujeiras!

Segue abaixo artigo do Lenildo Ferreira sobre o fato. Achei interessante e por isso partilho aqui em meu blog.

 

Denúncias de Cassiano reclamam uma só resposta da Justiça e da Câmara Municipal: investigação

07/01/13

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Desde a crise instalada no governo do prefeito Plínio Lemos, no início dos anos cinqüenta, que acabaria levando à morte o vereador Félix Araújo, não se viu um desfiar de acusações generalizadas contra membros de uma gestão em Campina Grande com a gravidade do que desatou o ex-vereador Cassiano Pascoal nas redes sociais.

O jovem peemedebista detonou importantes nomes do governo do ex-prefeito Veneziano Vital do Rêgo, buscando poupar o ex-chefe do executivo, mas falando que pessoas teriam saído ricas do governo, torpedeando supostas “aves de rapina” e garantindo que havia “bandidos” – termo pior, impossível – infiltrados na administração passada.

Do que mais os setores competentes, desde a Justiça até a Câmara Municipal, precisam para reagir da forma que se espera, que é investigando? Ora, Cassiano Pascoal não é uma figura qualquer. Trata-se de um nome da elite do governo Veneziano, tendo, inclusive, sido secretário municipal.

O ex-vereador foi defensor intransigente da gestão do correligionário e, como é de domínio público, sua mãe, que também foi secretária, concorreu à PMCG como candidata oficial do governo. No mais, Cassiano pode ser jovem, mas não é um inconsequente que jogaria merda no ventilador (perdoem à renúncia a eufemismos) sem ter noção do que estava fazendo e dizendo.

Se são verdadeiras ou não as acusações gravíssimas do ex-vereador, não há como dizer, mas essa gravidade toda exige apuração urgente, profunda e firme. Cabe à Justiça, como também ao legislativo, dar respostas ao estarrecimento que tomou conta da cidade diante das alarmantes declarações de Cassiano Pascoal.
Fonte: http://www.lenildoferreira.com.br/

A casa é sua...