O Barco!
Meu coração não aguenta
Tanta tormenta, alegria
Meu coração não contenta
O dia, o marco, meu coração
O porto, não!...
Navegar é preciso
Viver não é preciso...(2x)
O Barco!
Noite no teu, tão bonito
Sorriso solto perdido
Horizonte, madrugada
O riso, o arco da madrugada
O porto, nada!...
Navegar é preciso
Viver não é preciso (2x)
O Barco!
O automóvel brilhante
O trilho solto, o barulho
Do meu dente em tua veia
O sangue, o charco, barulho lento
O porto, silêncio!...
Navegar é preciso
Viver não é preciso...(6x)
Veneziano não dá crédito às denúncias de seu ex-chefe de gabinete
Fonte: Da Redação
Texto:
Paraibaonline
O ex-prefeito de Campina Grande Veneziano Vital do Rêgo (PMDB) falou
sobre as denúncias feitas pelo ex-vereador e ex-chefe de gabinete da sua
gestão, Cassiano Pascoal (PMDB), feitas via Twitter, em relação a
alguns nomes do seu antigo secretariado, a quem chamou de “bandidos”.
Conforme Veneziano, a atitude de Cassiano Pascoal foi emocional, pois
frisou que as declarações do ex-vereador foram ocasionadas pelo
insucesso dele na campanha de reeleição.
- Cada um de nós tem em sua mente um mundo próprio e cada um reage às
emoções de forma diferente. Cassiano se candidatou em 2008 pela nossa
coligação, sempre se mostrou muito interessado enquanto foi vereador e
também como chefe de gabinete na minha gestão. O que ocorreu agora é que
ele teve o insucesso na reeleição como vereador, como também o
insucesso da mãe dele na majoritária. Penso que o que ele disse foi na
emoção, e ele extrapolou – reforçou.
Veneziano ainda afirmou, na Rádio Correio FM, que mantém o contato com a ex-candidata a prefeita, Tatiana Medeiros (PMDB).
- Falo com Tatiana regularmente, principalmente agora com essas
informações que foram divulgadas. Como Tatiana foi gestora na Secretaria
de Saúde, ela teve que esclarecer e desmentir algumas informações
anunciadas pela a atual gestão, as quais não procedem, como o
sucateamento das ambulâncias do Samu. A nova gestão, por exemplo, não
esclarece que o próprio programa do Samu prevê a chegada de ambulâncias
para recompor as frotas – salientou o peemedebista.
Hoje uma pessoa corrigiu o autor de uma frase sobre a utopia que está no blog; estava como se fosse de Galeano, mas para minha sorte alguém (atento) leu e avisou que se trata de uma frase de Fernando Birri. Antes de corrigir, fui fazer uma pesquisa no google sobre Birri e descobri nele uma pessoa que será fonte de pesquisa e que postarei aqui em outros momentos.
Ah tempo, tempo, tempo... quando fiz este blog pensei que teria tempo para ler mais, pesquisar mais e postar com mais frequência, mas somente este mês estou entrando aqui (como férias de verão) ...
Esta é uma leitura para a alma. Parabéns Eliane Brum por tamanha sensibilidade e por partilhar um texto tão lindo.
Rosângela e o livro enterrado
A história de uma moradora de rua e sua luta para não perder as palavras que lhe dão existência
ELIANE BRUM
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Rosângela Ramos desenterrou um romance. Não como uma metáfora, mas como
literalidade. Caminhou, cavou e tirou das margens do Guaíba, em Porto
Alegre, um manuscrito escrito a lápis 6B com 107 páginas.
Conheci Rosângela em 2 de dezembro de 2011, um dia depois de ela ter
enterrado este livro, que chamou de “O escárnio das fogueiras de papel”.
Ela tinha viajado para São Paulo a convite do Itaú Cultural para um
evento sobre reportagem. A cada encontro, discutia-se a importância de
um repórter “ir para a rua” para contar a história contemporânea – o que
significa sair das redações, da internet e do telefone para buscar a
vida, espantar-se com ela e documentá-la. Rosângela ampliava essa
perspectiva: ela é uma repórter “de” rua. Seu jornal, o Boca de Rua, é
um dos poucos no mundo – talvez o único – feito por moradores de rua: da
pauta, textos, fotos e ilustrações até a venda. E foi por ser moradora
de rua que, na véspera da viagem, Rosângela se descobriu num impasse.
Onde guardar o que lhe é precioso quando você não tem casa, não tem
gavetas, não tem armário, não tem um lado de dentro? Como proteger o que
lhe é mais caro quando o seu dentro fica no lado de fora?
Rosângela enterrou seu romance às margens do rio. Mas, no dia seguinte,
dentro do avião, ao ver a terra lá embaixo, ela descobriu que não tinha
contado para ninguém sobre o paradeiro do livro. Seu tesouro não tinha
mapa fora dela. Se morresse no ar ou em São Paulo, o livro estaria para
sempre perdido. Ou, como ela diz: “Talvez alguém descobrisse ao escavar
para fazer uma das obras da Copa do Mundo”. Atormentada pelo medo de que
suas palavras virassem silêncio na margem do rio, Rosângela não pôde
dormir nesta primeira noite. E se suas palavras, como ela, seguissem – à
margem?
A entrevista
com Rosângela sobre sua experiência como repórter do Boca de Rua
aconteceu numa sexta-feira, no auditório do Itaú Cultural. Foi gravada
para o programa “Jogo de Ideias”, apresentado pelo jornalista Claudiney
Ferreira. Em TV, existe a crença de que é preciso manter um determinado
ritmo, dentro do qual supostamente as perguntas e as respostas fluem, de
forma que o telespectador e também a plateia não se cansem e não
troquem de canal. Rosângela ignorou por completo essa “necessidade” –
trouxe com ela um outro tempo. O silêncio, que tanto assusta quem faz TV
e rádio, era parte das respostas de Rosângela. Ela não podia ser
compreendida sem que se escutasse também seu silêncio. Não como se
tivesse ficado sem palavras por um momento – mas porque seu silêncio era
também um dizer.
Rosângela, a mulher das ruas de concreto, se expressava mais por
subjetividades. Não deu à plateia relatos brutais, que talvez fosse o
que alguns esperassem dela. Os repórteres do Boca de Rua costumam morrer
antes de envelhecer, muitas vezes antes da vida adulta. Mas quando
perguntaram a ela do que morriam, Rosângela não descreveu nem as balas,
nem as facas, nem os atropelamentos. Ela disse: “Morrem de morte moral”.
Quando acabou a entrevista, ela vendeu todo o seu estoque de jornais.
Enquanto parte da plateia foi pra casa, outra parte jantar em algum bar
ou restaurante, Rosângela anunciou que precisava caminhar pela Avenida
Paulista. Depois de tanto tempo no lado de fora, Rosângela precisava ir
para dentro. Partiu então num passo rápido noite adentro, como se
soubesse exatamente aonde ia dar – e não sabia. Ou talvez soubesse que
ninguém sabe aonde vai dar quando dá o primeiro passo.
Bem cedo no dia seguinte nos encontramos no seu hotel. Rosângela tem
apenas 50% da visão em um olho, por causa de uma toxoplasmose que
provocou lesões em sua retina. E no outro enxerga “sujo”, por causa de
outra doença. No Boca de Rua, ela assim se apresenta: “Sou desenhista
com curso em Valência, na Espanha”. O relato de sua vida é como sua
visão – fragmentos, imagens às vezes borradas.
Rosângela pegaria o avião de volta perto do meio-dia. Levei o gravador.
E ela gravou as coordenadas do local onde estava o seu romance:
enterrado nas margens do Guaíba, em Porto Alegre, entre o fogo e o rio,
com uma pedra por cima. Mais não direi. Se algo acontecesse com ela, eu
deveria enviar essa gravação para Rosina Duarte, jornalista da ONG
Alice, responsável pela supervisão do Boca de Rua. “Você tem certeza de
que as informações são suficientes para encontrar o livro?”, perguntei,
aflita. Vivi quase 17 anos em Porto Alegre e mesmo assim tinha certeza
de que teria de escavar o Guaíba inteiro se quisesse encontrá-lo. Mas
Rosângela garantiu que as coordenadas estavam claríssimas e que Rosina
entenderia.
Conversamos então sobre a palavra escrita, o dentro e o fora. Agora,
que ela desenterrou o livro, mandei perguntar se podia publicar nossa
conversa. Rosângela disse “sim” – e aqui estamos.
- Por que você enterrou seu livro na beira do Guaíba?
Rosângela – Ali é o meu pátio. Porto Alegre, a Usina do Gasômetro, a orla do rio...
- Que necessidade te fez enterrá-lo?
Rosângela – A necessidade de não perder. Eu já tinha perdido
duas outras vezes. Uma vez deixei num banheiro público, outra num banco
da Redenção (parque de Porto Alegre). Consegui recuperar, mas aí já
tinha vivido o sofrimento de perder, a perda já tinha se tornado real
para mim, e isso me deixou transtornada. Por isso, quando tive de
viajar, eu não tinha outra alternativa. Não tinha mesmo outra
alternativa: precisava enterrá-lo. Este medo de perder... na rua é muito
real. - E o que significa aquilo que está enterrado?
Rosângela – É uma esquizofrenia. Ele (o livro) é como a rua:
em cada esquina a gente encontra uma coisa nova, um dia diferente, uma
situação, uma circunstância momentânea. Ele é assim. De capítulo em
capítulo, de frase em frase, de palavra em palavra. Na maioria das vezes
cai numa ironia, numa poesia, num vazio, num delírio, no caos. A metade
deste trabalho eu fiz em casa, e a outra metade eu fiz na rua. Então
ele toma rumos diferentes. Ele começa com um romance normal que
acontece, de amor, e depois ele vai tomando esta forma de arte, e depois
política. Então, quando eu venho pra rua, a rua entra ali, mas ela
entra sutilmente, ela entra como reflexão. E no final ele se transforma
numa alucinação, nesse caos que é a sociedade, tudo. - De que as pessoas morrem na rua?
Rosângela – Morrem de morte. Morrem de morte... moral. De
frio, de chuva, de fome, de negligência. Morrem de assassinato, mesmo.
Morrem de estupidez. Morrem pelo poder do qual outras pessoas se
apropriam. Um exemplo: não abrir o acesso ao albergue onde tem a
proteção de chuva, em dias de chuva. As pessoas se molham e só vão ser
atendidas daí a duas horas, três horas, e são pessoas que estão doentes.
E aquilo ali, a garoa, mata. Mata. Mata porque eu peguei documentos de
hospitais de pessoas que depois de uma chuva foram internadas. Depois de
ficarem molhadas, com a roupa molhada, ficaram doentes. Agrava. E de
agravo em agravo morrem de negligência. - É difícil sair do hotel e voltar pro albergue?
Rosângela – Não, porque eu necessito do isolamento, do meu
tempo, mas não necessito de luxo. Estar lá é o que me garante a
observação daquilo tudo, daqueles detalhes. Me joguei num mar, sabe? É
um lugar pequeno, mas, ao mesmo tempo, tu podes ficar ali anos e anos e
vai haver sempre ondas distintas. - Você já dormiu na rua?
Rosângela – Sim, eu tentei chegar o mais próximo possível da realidade. - É mais difícil viver na rua sendo mulher?
Rosângela – É difícil, é complicado. Um cara chegou em mim me
obrigando a dar dinheiro pra ele, e eu achei aquilo um absurdo e o
enfrentei. Nos enfrentamos. Colocamos o nariz no nariz do outro. E ele
disse que tinha uma faca. E me mostrou. Era uma faca enorme, de açougue.
Um cabo branco. E me ameaçou. E eu disse pra ele que ele fizesse o que
quisesse. Só que pensei, por um momento, qual era a arma que eu podia
usar contra ele. E só podia ser uma arma mental. Eu podia desarmar ele
mentalmente, eu tinha que fazer aquilo, não tinha outra alternativa.
Pensei: vou dizer uma coisa bem absurda, que não tenha nada a ver com
nada, pra ele raciocinar e dispersar. Eu olhei pra ele e eu disse assim:
“Eu não vou te comer! Eu não vou te comer!”. - E aí?
Rosângela – Ele realmente desarmou completamente. No final, começou a rir. Eu tinha dito que não iria estuprá-lo. - E qual é a diferença que você percebe entre as ruas de São Paulo e as de Porto Alegre?
Rosângela – Quando eu vi as dimensões das ruas... Uma coisa é
tu andares em Porto Alegre 30 km, 40 km por dia, na rota, vendendo
jornal. Outra coisa é São Paulo, é fazer a Paulista. Acho que eu
esperava que aqui fosse ter mais comida, mais sobras na rua. E não há. É
por isso que eu acho que as pessoas estão intimidando. As pessoas da
rua, de certa forma, intimidam os demais, pedindo. Porque, por um lado,
as pessoas se negam a ajudar, e, por outro, aquelas pessoas estão ali. E
são pessoas. - Você achou as ruas de São Paulo mais duras?
Rosângela – Achei. Mais violentas, mais duras. Porto Alegre,
por pior que esteja a situação, as pessoas deixam coisas na rua. Já
encontrei um espumante europeu geladíssimo num Ano-Novo. Há como
sobreviver. As pessoas colocam comida na rua, que é o que a gente chama
de “macaquinhos”. Eu não sei se existe isso aqui. As pessoas deixam
comida pendurada pra gente na frente de casa. Então nós temos almoço. E
nós temos os albergues. Há um albergue, o Felipe Diehl, que é cinco
estrelas. Nos fornece roupa, comida. E comida muito boa. Até churrasco a
gente come. Só que eu não estou lá. É o lugar que eu menos vou. - Por quê?
Rosângela – Porque lá tem tudo. Eu quero ir no albergue onde
não tem e onde eu tenha de denunciar. Ali é que eu tenho que trabalhar
(como repórter). - Você pintava, e então perdeu parte da visão. Por isso começou a escrever?
Rosângela – Pela dificuldade da visão e até pelo choque...
porque perder a visão, pra quem quer ver as cores, é muito, muito
complicado. Eu precisava resgatar essa vida de arte.
Entrar numa tela, sabe? Poder divagar ali, escrever, descrever. Eu
pintava desde os 6 anos de idade. E esculpia. E até os 40 anos essa foi a
minha inscrição, a minha forma de me comunicar com a vida, com o mundo. - Naquela vez em que perdeu o livro, o que você perdeu?
Rosângela – Naquele momento eu perdi o meu ego, que era a
única coisa que eu tinha, sabe? Eu não consegui me recuperar mais,
porque perdi tudo o que tinha feito. - Sua história?
Rosângela – Não, mas a poesia... A história, não. A história é
o que menos me interessa. O que me interessa é a poesia, o além da
história. Eu nem decidi ainda se vou publicar, nem sei se é possível o
“Escárnio” existir como livro. Mas se eu decidir vai ser pelos outros,
mesmo, porque eu já li. - E é o suficiente você já tê-lo lido?
Rosângela – Pra mim é. Pra mim, realmente é. - Você embrulhou o livro em que, antes de enterrá-lo?
Rosângela – Em sacolas de supermercado. Muitas. - Você enterrou seu livro, mas, mesmo assim, não se recuperou
de tê-lo perdido antes. E mesmo tendo achado o seu romance, a perda
continuou em você. Por quê?
Rosângela – É como agora. Enterrei, mas não avisei ninguém
onde estava enterrado. E se acontecer alguma coisa? Talvez um dia
escavem lá pra fazer a Copa do Mundo e encontrem. - Eu acho linda essa história de um livro enterrado...
Rosângela – Eu não vejo como lindo, isso. Eu vejo como desespero... - Como você escreve?
Rosângela – A lápis. Lápis 6B. - Por que lápis?
Rosângela – Porque ele é um lápis pra desenhar, um lápis
macio. É por isso que eu digo que eu pintei um quadro. Eu tive de
sintetizar um pouco, por falta de folhas, se quiser saber. Quando eu
cheguei na rua, eu não tinha nem folha de ofício. Porque eu gosto de
folhas limpas, sem linhas. E pra comprar uma folha, um maço de folhas de
ofício, eu tinha que ter grana. E eu não tinha grana. Sabe? Naquele
momento, eu não tinha... Eu não sabia como fazer. Eu pedi folhas de
ofícios e pudim. Não ganhei nenhum. - E como é escrever?
Rosângela – Vou limpando... Como eu faço as esculturas.
Limpando, limpando, limpando... Eu comecei ele ao contrário. Porque eu
tenho mania de ler ao contrário, de pegar o jornal e começar do fim. E
no início eu também não conseguia entender, no início eu não elucidava
as coisas, estava tudo nas entrelinhas. Eu fui trazendo isso. Como
pintar. - Qual é a diferença de se expressar com palavras?
Rosângela – Ah, foi incrível poder fazer isso. Arte é
tridimensional. Com as palavras eu posso ir além das três dimensões. Eu
posso cortar essa imagem como se cortasse com um punhal de dois fios...
que não deixa nem cicatriz, sabe? Que corta a imagem e pode ir no âmago,
no cerne, dentro, na víscera. Eu não me detenho no objeto, mas no que
faz isso acontecer. O pensamento é o que leva ao movimento. O pensamento
é o que leva à forma, é o que dá uma forma completa àquilo. Então eu
aproveitei a história que eu contei, uma história comum, de vida, que
acontece com qualquer pessoa, pra trazer todas essas nuances. E aí fui
trazendo frases, palavras que eu já ouvi, que eu já vi, e fui colocando.
Eu fui escolhendo palavras com muito cuidado. - O que é a palavra pra você?
Rosângela – A palavra é o imaterial. Porque ela vai além das
coisas. As coisas são... coisas. Mas poder falar o que eu imagino, por
exemplo: que dentro daquela parede lá, daquele prédio, daquele tijolo, o
barro que tá ali, como foi construído, quem fez. Isto é muito mais do
que um tijolo. - Como é dormir num albergue? Como é nunca estar sozinha, pelo menos fisicamente?
Rosângela – Eu durmo com 20 pessoas, mas na verdade eu não sei
quantas têm. Porque são pessoas doentes, há pessoas que falam consigo
mesmas. Então, não sei quantas são. Tem muitas. Então aquilo ali também
foi pra mim uma experiência incrível. E o “Escárnio” vem assim, ele é
assim. Uma situação termina e começa outra. É como a rua, onde a gente
nunca sabe o que vai acontecer, o que vai encontrar, o que vai comer. Na
casa, não. Na casa a gente sabe. - Você queria um texto que fosse como a rua?
Rosângela – É. Tivesse essa forma. Eu uso poucas palavras que
definem a rua, quase nem falo, mas ela entra ali. E quem ler vai
entender como a rua está presente ali. Mas ela aparece nas entrelinhas.
Porque, na verdade, eu não escrevo. Na verdade, acho que eu escondo mais
do que mostro. - Como?
Rosângela – O que está escrito, muitas vezes, é uma forma de
não dizer nada. Terminar... aquele pensamento numa poesia.
Especificamente em poesia, entende? O caos das palavras. Não dizer nada
ou subentender aquilo. Isso o Mário Quintana fez espetacularmente bem.
Mas... eu nunca escrevi e nunca havia lido um romance na vida. - Não?
Rosângela – Não. - Qual foi o primeiro?
Rosângela - O meu. - O seu?
Rosângela – Sim, o que eu escrevi. Porque eu detestava
romance. Quando criança, eu não lia nada. Eu desenhava tudo. Pintava a
roupa do Mickey, os cachorrinhos, os animais... Isto era o que eu fazia.
Mas, ao escrever, eu queria escrever poesia, eu queria fazer o
contrário das coisas reais, pormenorizadas, da linguagem dos documentos.
Então fui escolhendo as palavras que fossem distorcendo um pouco,
terminando em irreverência. Eu queria fazer poesia no nada. Fazer poesia
no absurdo. Fazer o absurdo mesmo. E também o ridículo. E o impossível
que é transformar o humano em além do humano. - Como é pintar com palavras? Qual é a diferença?
Rosângela – Pois eu não vejo essa diferença. É por isso que eu
digo que é como um pincel. Eu digo: vou fazer exatamente como eu faço
quando pinto. Porque é a diferença entre buscar e encontrar algo. E o
“Escárnio” foi isso. Foi o encontrar... Eu não busquei, mas eu joguei,
eu fiz uma estrutura de texto, uma história, e as outras eu fui jogando,
fui colocando tudo ali e e fui buscando sentido. E fui encontrando
frases incríveis. Eu acho que eu fui encontrando ali formas expressivas,
que outros encontraram da mesma maneira, porque não há outro caminho
senão passar por isso, entende? Elas vão automaticamente se agrupando,
como um entendimento. - Como você se sente depois que escreve?
Rosângela – Completa. Assim... quando consigo completar um pensamento, eu me sinto completa. - Como foi acordar em São Paulo?
Rosângela – Eu acordei em um dos metros quadrados mais caros
do mundo, que é a Avenida Paulista, aqui onde estão os tesouros. Aqui
tem muita grana, enquanto eu lido com a miséria, com a fome, com a dor.
Com a negligência. Então são duas coisas que fazem refletir. Eu estou
aqui na Avenida Paulista, eu não estou debaixo de uma aba. Eu estou num
hotel, com conforto. Então, este é o meu dentro. Mas, na verdade, é
fora, entende? Hoje eu estou saindo daqui. E a rua é um sumidouro. Ele
(o livro) é sobrevivência. Eu desistiria se não me tirasse da morte,
porque a rua é um sumidouro.
Despedi-me de Rosângela no portão de embarque. Enquanto o avião não
aterrissou em Porto Alegre, as palavras enterradas de Rosângela
enterraram-se em mim como chumbo. Eu tinha o mapa do tesouro de outro,
mas não entendia o mapa – e tinha dúvidas se alguém entenderia. E se o
pior acontecesse e não conseguíssemos desenterrar as palavras que eram a
vida de Rosângela, a sua não-morte? Mas Rosângela voou, aterrissou e
voltou a trocar as asas pelos pés. E agora ela desenterrou seu livro.
O que, afinal, Rosângela enterrou? E o que desenterrou?
Escrever um livro é sempre desenterrar, acho eu. As palavras estão em
algum lugar bem fundo de nós. Não um fundo que conhecemos, mas aquele
lugar sem lugar que fica abaixo do fundo falso que existe em nossos
interiores. Desenterrá-las significa arrancar um pouco de sangue dos
nossos confins. Um livro é sempre meio ensanguentado, um pouco de
vísceras, alguns miolos, um resto que não se sabe se é humano ou
alienígena. Mas Rosângela desenterrou as palavras simbolicamente, como
faz qualquer escritor – para depois enterrá-las literalmente. E botou
uma pedra por cima, como fazemos para garantir que os mortos não escapem
como outra coisa, como algo vivo demais para nos dar sossego, como algo
capaz de nos assombrar. Ao enterrar na beira do rio o que desenterrou
do fundo de si, o que Rosângela fez?
Ela nos conta que enterrou as palavras porque não queria perdê-las. E
talvez esta seja a diferença. Antes de se escreverem, as palavras estão
lá – dentro de nós, mas perdidas para nós. Ao desenterrar as palavras,
escrevendo-as, Rosângela encontrou as dela. É isso o que ela diz quando
explica que é preciso encontrá-las. E é também por isso que, naquele
momento, bastava que ela tivesse lido as palavras. Se fosse publicá-las,
seria para os outros. Então precisou enterrá-las para não perdê-las,
agora de uma forma literal. Porque se as perdesse, o que aconteceria?
Ela teria desenterrado as palavras de si e as perdido, o que significa
que não poderia mais encontrá-las, nem dentro nem fora. As palavras
seguiriam existindo, mas em lugar nenhum. Esta seria a perda
insuportável – um tipo de morte.
E agora, Rosângela tirou a pedra, cavou e desenterrou as palavras. O que isso significa?
Talvez um dia Rosângela nos conte.
(Eliane Brum escreve às segundas-feiras.)
De acordo com o Sr. Éder Rotondano (ex-coordenador do Programa Fome Zero em Campina), as denúncias de que o Programa tinha contratado 518 prestadores de serviço não procede. O ex-coordenador através das redes sociais rebateu as acusações e informou que "existe uma folha de prestadores de
serviços na PMCG, onde estão incluídos também
os prestadores do Fome Zero" e "estão arquivados na coordenadoria para qualquer tipo de análise".
Com relação ao número indicado de 30 funcionários para dar conta do funcionamento do Programa no município, segundo Rotondano, seria insuficiente, visto que em Campina temos 09 (nove) cozinhas comunitárias, 02 (dois) restaurantes populares que funcionam com café da manhã, almoço e jantar e 01 (um) banco de alimentos.
É necessário que se busque a verdade, pois não podemos condenar ninguém sem que antes aconteça uma investigação para que se possa inocentar ou punir os responsáveis.
Por isso mesmo eu não entendo como há pessoas que sejam contrárias a instauração de uma CPI, pois a mesma para os inocentes significa justamente a oportunidade de "lavar a honra" que fora maculada por acusações levianas.
Mais uma situação para ser investigada na Serra da
Borborema. Espero que não fique só figurando como uma denúncia, mas
que se apure os fatos e traga a verdade à tona. Afinal, Campina merece!
Acabo de ler em alguns sites e redes sociais que o Programa Fome Zero aqui em Campina Grande, PB contratou cerca de 518 pessoas. O problema é que, segundo relatos, bastaria 30 funcionários para que o Programa funcionasse. Nunca fui boa em matemática, mas essa continha de subtração mostra que há um número bastante expressivo de funcionários; a denúncia vai além de números quando apontam que o aumento no número de contratações ocorreu justamente no período eleitoral... Por que será?!
O fato é que teremos mais uma notícia sendo possível demanda para investigação do MP.
Socializando o que Lenildo Ferreira postou em seu blog acerca das denúncias de Cassiano Pascoal e da opinião do vereador Olímpio Oliveira. Segue abaixo...
Nos corredores da Casa de Félix Araújo, já se fala na possibilidade de
instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as
denúncias contidas em declarações do ex-vereador Cassiano Pascoal
(PMDB), que, como já é de domínio público, através das redes sociais
detonou ex-secretários da gestão passada.
O vereador Olímpio Oliveira (também do PMDB), no entanto, acredita que
falta, no caso Cassiano, o requisito fundamental para abertura de uma
CPI. “À luz do Artigo 58 da Constituição Federal, há alguns requisitos
para instalação de uma CPI. E a maior dificuldade que encontro para essa
idéia prosperar na Câmara é (a inexistência de) um fato determinado.
Você só instala uma investigação com fato determinado”, comentou
Olímpio.
O vereador, que é advogado e delegado da Polícia Civil, acredita que,
apesar da gravidade das declarações do seu ex-colega de parlamento, as
acusações desferidas através das redes sociais não apresentaram indícios
de materialidade.
“Fato determinado, segundo o professor Pinto Ferreira, um dos maiores
constitucionalistas que esse país já teve, é fato concreto. Alguém diz
que o outro é ladrão, mas, roubou o que? Falta essa materialidade, ou
pelo menos indício dessa materialidade”, ponderou o peemedebista.
O comentário de Olímpio Oliveira aconteceu durante o programa Cariri em
Destaque, da Rádio Cariri AM, apresentado por Marcio Furtado, Eliomar
Gouveia e Lenildo Ferreira. O programa vai ao ar de segunda a sexta, das
18h às 19h.
O vereador Napoleão Maracajá (PC do B) afirmou, nesta quarta-feira, que a
Câmara Municipal precisa investigar as denúncias feitas pelo
ex-vereador Cassiano Pascoal (PMDB) através das redes sociais. “Eu fui,
possivelmente, o primeiro vereador a dizer que as declarações do
ex-vereador são gravíssimas”, pontuou Napoleão.
Questionado sobre a possibilidade da instalação de uma Comissão
Parlamentar de Inquérito para investigar o caso, o comunista afirmou que
não apenas concorda com a CPI como vai protocolar requerimento de
investigação no parlamento municipal. “Uma das primeiras solicitações
nossas será que a Câmara convoque o ex-vereador para que ele possa
esclarecer ao povo de Campina Grande as denúncias que veiculou nas redes
sociais”, confirmou.
Para Napoleão, o fato de as polêmicas declarações partirem de um nome da
linha de frente do governo passado é um aspecto que reforça a gravidade
das acusações.
“São denúncias muito graves. Mas, elas partem de uma pessoa que tem
propriedade para falar porque passou por dentro do governo do qual ele
faz essa denúncias (contra) membros desse governo. São denúncias que
merecem credibilidade, pelo menos no tocante à fonte da informação,
porque é alguém que participou do mesmo grupo, que vivenciou esse
governo. Então, declarações deste tipo não podem ser desprezadas”,
asseverou Maracajá.
Artigo: DROGAS: a importância dos
programas de prevenção no ambiente de trabalho. Revista
Contadores em Ação. Ano IV – Nº 04. Set/2012. Campina Grande, PB.
Artigo: DROGAS = ATENÇÃO: Não
temos como acabar. Mas, é preciso ficar atento e aprender a conviver com esse
fenômeno. Revista Hoje. Ano II – Nº 02. Jan/2010. Campina
Grande, PB.
Estamos assistindo com frequência ser noticiado na mídia local casos de violência envolvendo crianças e adolescentes. Precisamos fazer algo para enfrentar esta situação. Os casos de violência em sua maioria tem relação com o uso/ dependência ou tráfico de drogas. Segue abaixo matéria veiculado no blog de Márcio Rangel.
Campina Grande/PB: jovem de 17 anos é executado com 5 tiros de
espingarda 12 no Santa Rosa; vítima teve os dentes arrancados por
inimigos
Foto feita por um morador, instantes após o crime
A polícia de Campina Grande registrou na noite desta
segunda-feira (07) o 5º assassinato neste ano de 2013 na cidade. A vítima desta
vez, foi um jovem de 17 anos que era ex-detento do Lar do Garoto. Ele foi
assassinado com 5 tiros de espingarda calibre 12 na cabeça bem próximo a sua
residência. No último dia 1º o rapaz já havia sofrido um atentado, quando foi
espancado e teve quase todos os dentes arrancados pelos criminosos.
De acordo com a Polícia Militar o crime aconteceu por
volta das 20h30, na Rua Ioiô Cavalcante, no bairro de Santa Rosa, Zona Sul da
cidade.
O jovem Willian Farias, seguia de bicicleta para jogar
videogame em um playtime, quando foi surpreendido por dois homens que chegaram
em uma moto e usando capacetes. Os bandidos dispararam 5 vezes contra a cabeça
do rapaz que morreu na hora.
Testemunhas contaram que a ação foi rápida e os
assassinos figuram sem deixar pistas.
Willian era bastante conhecido no bairro onde morava
pelos crimes que praticava. O jovem estava apreendido no Lar do Garoto em Lagoa
Seca, depois que invadiu e roubou a casa da própria tia, também no bairro de
Santa Rosa.
Em liberdade, na noite do último dia 1º, o jovem bebeu
demais e acabou dormindo em uma das calçadas da rua onde morava. Ele foi
flagrado por inimigos, que além de agredi lo com socos e pontapés, arrancaram
grande partes dos dentes de sua boca.
O rapaz, segundo informações da polícia, também era
viciado em drogas e teve os dentes arrancados por que devia dinheiro aos traficantes.
O corpo foi encaminhado para o Núcleo de Medicina Legal
de Campina Grande. Até agora, ninguém foi preso.
Em Campina, através do twitter de Cassiano Pascoal, ficamos sabendo de umas "coisinhas" que, segundo o mesmo, acontecia na PMCG na gestão do Sr. Veneziano Vital do Rêgo. As denúncias explodiram na rede social, mas infelizmente não acho que ganharam a repercussão que deveria, principalmente na TV. É uma denúncia séria feita por Cassiano e que requer que medidas sérias sejam levadas a termo.
Algumas pessoas públicas demonstram preocupação com o desfecho dessa novela no sentido de se buscar apurar bem os fatos e se necessário instalar uma CPI, mas acredito que iremos esperar muito mais que o tempo de uma gestação para que venha a público uma resposta à sociedade campinense.
Uma coisa é certa não devemos deixar que joguem para baixo do tapete estas e outras sujeiras!
Segue abaixo artigo do Lenildo Ferreira sobre o fato. Achei interessante e por isso partilho aqui em meu blog.
Desde a crise instalada no governo do prefeito Plínio Lemos, no início
dos anos cinqüenta, que acabaria levando à morte o vereador Félix
Araújo, não se viu um desfiar de acusações generalizadas contra membros
de uma gestão em Campina Grande com a gravidade do que desatou o
ex-vereador Cassiano Pascoal nas redes sociais.
O jovem
peemedebista detonou importantes nomes do governo do ex-prefeito
Veneziano Vital do Rêgo, buscando poupar o ex-chefe do executivo, mas
falando que pessoas teriam saído ricas do governo, torpedeando supostas
“aves de rapina” e garantindo que havia “bandidos” – termo pior,
impossível – infiltrados na administração passada.
Do que mais os
setores competentes, desde a Justiça até a Câmara Municipal, precisam
para reagir da forma que se espera, que é investigando? Ora, Cassiano
Pascoal não é uma figura qualquer. Trata-se de um nome da elite do
governo Veneziano, tendo, inclusive, sido secretário municipal.
O
ex-vereador foi defensor intransigente da gestão do correligionário e,
como é de domínio público, sua mãe, que também foi secretária, concorreu
à PMCG como candidata oficial do governo. No mais, Cassiano pode ser
jovem, mas não é um inconsequente que jogaria merda no ventilador
(perdoem à renúncia a eufemismos) sem ter noção do que estava fazendo e
dizendo.
Se são verdadeiras ou não as acusações gravíssimas do
ex-vereador, não há como dizer, mas essa gravidade toda exige apuração
urgente, profunda e firme. Cabe à Justiça, como também ao legislativo,
dar respostas ao estarrecimento que tomou conta da cidade diante das
alarmantes declarações de Cassiano Pascoal.
Fonte: http://www.lenildoferreira.com.br/