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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Ritmo Melodia entrevista Emerson Uray

Entrevista do Mês: 16/02/2012

 
Emerson Uray

Por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa



O cantor, compositor e violonista paraibanos Emerson Uray, lançou três CDs: “Colar de Pérolas”, Boas Novas” e “Trilogia Negra”. É natural de Campina Grande - PB e músico conhecido nas noites paraibanas e em várias capitais da região nordeste e festivais no sul do país  e exterior. 
Estudou harmonia musical no DART- UFPB e é formado em Licenciatura em Geografia pela Universidade Estadual da Paraíba – UEPB e em  Direito pela Faculdade de Ciências Sociais e Aplicadas- FACISA. Aprendeu tocar violão logo cedo e já na adolescência agitava a vida cultural de Campina Grande se apresentado nos bares nos anos 80. Ele foi deixando na memória do público a suavidade de sua voz e a firmeza do seu rítmo. Emerson, se apresentou várias vezes nos Festivais de Inverno de Campina Grande,  participou de grupos musicais e com eles se apresentou em várias capitais nordestinas mostrando sua perfomance vocal. Fez a  abertura de shows dos cantores Chico César,  Nando Cordel, Jorge Vercillo, entre outros. Lançou em 1999, seu primeiro CD - Boas Novas, uma produção independente, rendeu prêmios, críticas favoráveis e o convite para participar do Festival de Jazz de Montreaux, na Suíça.

Em 2004, lançou o segundo o CD - Trilogia Negra que traz várias composições próprias e em parceria com compositores e músicos da Paraíba, faz uma mistura entre os ritmos africano e americano, indo do reagge ao soul, das baladas pop ao blues, buscando transmitir ao público uma idéia de liberdade e amplitude.

Em 2009, lançou o terceiro CD - Colar de Perólas, que faz uma releitura de algumas músicas dos CDs Boas Novas e Trilogia Negra, e trazendo músicas inéditas, como Borborema e Colar de Pérolas. O trabalho traz elementos novos para o perfil musical de Emerson Uray,  e representa a identificação cultural do Nordestino e do Paraibano. O CD - Colar de Pérolas, traz ainda regravações, como a música Cores Vivas, de Gilberto Gil, que ganhou um toque regional. A inclusão do trabalho de Gil é uma marca da reverência de Emerson ao cantor baiano, alimentada desde quando o ele cantava nos bares da Rainha da Borborema. 
Em 2012 Emerson Uray, está com projeto aprovado Lei Rouanet, com o objetivo de divulgar nacionalmente sua obra artística, com o show “Colar de Pérolas”. Ele é acompanhado por músicos talentosos e com experiência internacional, fará uma mistura dos ritmos africanos e americanos, indo do reagge ao soul, das baladas pop ao forró nordestino e ao fino do samba e MPB, enriquecendo com sua bela voz, com harmonia, e um timbre vocal marcante. O show será realizado nas cidades de Campina Grande-PB, João Pessoa-PB, Rio de Janeiro-RJ, Porto Alegre-RS, Gramado-RS, Salvador, São Paulo, Fortaleza, Recife , São Luís - MA e Belo Horizonte-MG. Segue abaixo entrevista exclusiva de Emerson Uray para a www.ritmomelodia.mus.br 16/02/2012:

1-) Ritmo Melodia – Qual sua data de nascimento e sua cidade natal?

  Emerson Uray – Nasci em 26/12/1963 em Campina Grande - PB.
 

2-) RM – Fale do seu primeiro contato com a música?

  Emerson Uray Foi quando criança na rua com colegas que tocavam em escolas de samba (Noel Rosa, Bamba do Ritmo). Eu cantava, mas sem o compromisso de integrante das escolas de minha cidade. E em casa com meu pai nas festas da família. Meu pai (Uray) tocava pandeiro, ele tinha morado com Jackson do Pandeiro em Recife-PE quando jogava no América. E Jackson trabalha em uma das rádios, eles dividiam o apartamento. Ele contava histórias desse tempo e gostava de cantar sambas.

 

3-) RM – Qual sua formação musical e acadêmica fora música?

  Emerson Uray – Eu estudei harmonia musical no DART (Departamento de Arte da UFPB). E sou formado em Licenciatura em Geografia e Direito. A princípio, aprendi tocar violão sozinho. Mas depois fui buscar informações com alguns mestres como Mazinho do Violão (musico de baile de bandas da minha cidade), Letinho (músico de João Pessoa) foi outro professor de violão. E fui ao Dart conhecer mais sobre teoria musical e harmonia. Depois tocando a noite, e os livros a respeito de técnicas musicais me aperfeiçoei. 

 
4-) RM – Quais suas influencias musicais no passado e no presente? Quais deixaram de ter importância?

  Emerson Uray – Influência na MPB, Gilberto Gil, Caetano Veloso e etc. E com a música internacional, com a música Negra americana e africana. Todas as influências continuam importantes na minha carreira. Cantei durante muito tempo o repertório de Gil, imitando ele e tendo nele o principal dos artistas no primeiro momento. A técnica do canto e os detalhes na presença no palco. Depois a própria labuta e limitações me fizeram encontrar o meu próprio caminho. 

 
5-) RM – Quando, como e onde  você começou sua carreira profissional?

  Emerson Uray – Cantando na Igreja, em casamento com amigos. Mais precisamente na família, Florêncio, Dona Lourdes e seus filhos. Esta família que falo, ainda hoje tem Ricardo que toca e canta, Fabio e João marido de Inaldete Amorim (cantora e Diretora Comercial da Rádio Campina Grande FM). Passado esse primeiro momento, formei uma banda de nome Metamorfose com Gera, Fábio Florêncio e Joel. Tocávamos no bar Gamação (próximo ao Teatro Municipal Severino Cabral). Depois que a banda acabou, passei a tocar mais o violão e estudar e fiz um repertório para cantar acompanhado do violão. Um ano depois fui tocar nos bares Barroco, Aplauso, a partir daí, não parei mais.

 

6-) RM – Quantos CDs lançados e anos (quais os músicos que participaram nas gravações)? Qual o perfil musical de cada CD? E quais as músicas que se destacaram em cada CD?

Emerson Uray – CD - Boas Novas em 1999. Uma produção independente lançado no 24º Festival de Inverno de Campina Grande. O CD rendeu prêmios, críticas favoráveis e o convite para participar do Festival de Jazz de Montreaux, na Suíça. Participação dos músicos Sérgio Gallo, Glauco Andreza, Carlinhos Moreira, Helinho, Guegué, Moisés Freire, Carlinhos Coco, Ithamar, Geraldo Pinto, Costinha, Azeitona e Ednaldo. As músicas são composições da Cassandra Veras, Gera Brito, Jorge Castor, Emerson Uray, Ferreirinha, Luciano, Tininha da Timbalada, Silvestre Almeida, Ivo Daera, Capilé e Genésio Tocantins. Neste CD a música mais tocada nas rádios foi Boas Novas.

 

CD - Trilogia Negra em 2004 traz várias composições próprias novas e em parceria com compositores e músicos da Paraíba. E faz uma mistura entre os ritmos africanos e americanos. Indo do reggae ao soul, das baladas pop ao blues, buscando transmitir ao público uma idéia de liberdade e amplitude. Participação dos músicos Geraldo Pinto, Beto Piller, Geovani Leão, La Ilton, Sergio Gallo, Glauco Andrezza, Carlinhos Moreira, Paulinho Pelli, Janaí, Costinha e Helinho. Como compositor e produtor, o saudoso Silvestre Almeida. Tendo a música Quem mandou Mandela Amar? Sendo o destaque deste trabalho.

 

CD - Colar de Pérolas lançado em 2009. Traz uma releitura dos trabalhos apresentados nos CDs Boas Novas e Trilogia Negra. Trazendo também trabalhos inéditos, como por exemplo: Borborema e Colar de Pérolas. Considero este trabalho, um filho da maturidade. Colar de Pérolas reúne músicas que já integravam a minha trajetória artística, em coletâneas musicais gravadas com parceiros e no repertório dos meus shows.  Fui buscar no baú da carreira de 24 anos, tesouros que pudessem ser relidos com a lente da maturidade musical, somados aos talentos perolados dos amigos cúmplices na paixão pela música.

 

O trabalho traz elementos novos para o meu perfil musical, acho que representa a identificação cultural de Nordestino e de Paraibano. Eu coloquei a sanfona, a rabeca e o pandeiro, e dei uma conotação toda especial ao trabalho. Logo na abertura, antes da primeira música, há uma saudação feita por Geraldo da Rabeca ao som do violino e do pandeiro, uma junção que mostra bem o ecletismo do CD. Em que é possível escutar o Samba, o Xote e a Bossa Nova. Este último estilo marcando a homenagem aos 50 anos da Bossa Nova, com a música Bossinha, de Marcelo Meira Leite.

  Também buscando sintonia com a cultura e a política contemporânea, no momento em que os Estados Unidos elegem o primeiro presidente negro de sua história. Canto no CD - Colar de Pérolas duas canções com a temática da negritude: Quem mandou Mandela amar? Parceria de Silvestre Almeida e Geraldo Pinto e as inéditas: Axé de Gera Brito; Clara Filha, de minha autoria e Fábio Dantas; Colar de Pérolas de Cassandra Veras e Borborema, de Gera BritoBorborema é uma das canções especiais, que rendeu, inclusive, duas ilustrações no CD. Uma delas a foto da rua Maciel Pinheiro. Para mim ela é o coração de Campina Grande. O CD Colar de Pérolas traz ainda regravações, como a música Cores Vivas, de Gilberto Gil, que ganhou um toque regional. A inclusão do trabalho de Gil é uma marca da reverência minha ao cantor baiano, alimentada desde quando o eu cantava nos bares da Rainha da Borborema.

  Considero o CD - Colar de Pérolas o trabalho mais coletivo, com músicos de Campina Grande e de João Pessoa. Talentos jovens e talentos amadurecidos. E com profissionais de formação erudita unidos aos formados no bojo da cultura popular. É um conjunto de conhecimentos e diversidade que consegui reunir. Ao todo são 22 músicos e 19 instrumentos musicais que se revezam ao longo das 11 músicas do CD produzido por mim. A música destaque nas rádios foi Borborema. Da rabeca ao piano, da sanfona ao cavaquinho. Uma mistura instrumental e de estilos que somada às letras sutis resultaram em “Colar de Pérolas”.

  Também participei do trabalho coletivo, que resultou no CD - Conexão 200, coletânea que reúne trabalhos de doze cantores da MPB. E de shows realizados durante O Maior São João do Mundo e Micarande. Além de ter ampla participação no cenário cultural local, colaborando para uma maior visibilidade de seus artistas e profissionais.

 

7-) RM – Como você define seu estilo musical?

  Emerson Uray – Música Brasileira, todas tem essa característica. Seus diversos ritmos, mundial, regional. Enfim toda a riqueza melódica harmônica e rítmica de nosso Brasil quanto a musica.

 

8-) RM – Como você se define como cantor/intérprete?

  Emerson Uray – Cantor de Música Brasileira, MPB. Um cantor da Noite e dos grandes e pequenos Palcos.

 
9-) RM – Você estudou técnica vocal? 
Emerson Uray – Sim, quando cantei em Coral fiz algumas aulas. 

10 -) RM – Quais os cantores e cantoras que você admira?

  Emerson Uray – Gilberto Gil, Caetano Veloso, Luiz Melodia, Emilio Santiago.

 

11-) RM – Como é seu processo de compor? Quem são seus parceiros musicais?

  Emerson Uray – Eu componho sempre que estou só. E os parceiros são: Geraldo Pinto, Silvestre Almeida, Ferrerinha, Luciano Monteiro e Ivo Daéra,

 

12-) RM – Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

  Emerson Uray – São muitas as dificuldades. Não poder apresentar todo tempo nossa música. Ter que passar a maior parte do tempo cantando as músicas dos autores consagrados para manter a vida financeira. É matar um leão todo dia para continuar fazendo o que gosta. Cantar e ser feliz cantando, é um dom de Deus que tem que ser aproveitado em benefício de todos. É muito grande esse benefício.

 
13-) RM – Como você analisa o cenário musical brasileiro. Em sua opinião quem     foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?

  Emerson Uray – É Massa. Mas há como sempre houve coisas boas e coisas ruins. A cultura de massa não tem se preocupado em valorizar os bons artistas. E valoriza mais os “estilos comerciais”. As revelações são grandes bandas como Cidade Negra, Jota Quest, Skank. Toda a geração musical de Belo Horizonte. Toda essa galera da nova MPB, Maria Rita, tem muita gente boa. A Tropicália sempre atual. A Bossa Nova se renova com essa gente que esta chegando.

 

14-) RM – Qual ou quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?

  Emerson Uray – Djavan, Roberto Carlos, Marisa Monte, Gilberto Gil, entre outros. 

 
15-) RM – Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosto, cantar e não receber, ser cantado e etc)?

  Emerson Uray – Todos esses exemplos. Não receber, som sem qualidade, pedidos de música pelo público de Bar que não corresponde ao nosso trabalho. Músico bêbado na hora de se apresentar. 

 
16-) RM – O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

 

Emerson Uray – Feliz de poder fazer o que gosto e poder pagar minhas contas. Viver  cantado. Triste é saber que poderia ser bem melhor se a nossa música tocasse nas rádios do Brasil.

 

17-) RM – Nos apresente a cena musical na cidade que você mora?        
Emerson Uray – Campina Grande é um “celeiro” de artistas. No entanto faltam políticas públicas de cultura que incentive a classe artística e cultural como também falta mais organização e união da nossa classe. 
Nos últimos anos aconteceram vária iniciativas que considero importante como, por exemplo, a criação da Associação Musical            Campinense “ACORDE” da qual fui um dos idealizadores e fundadores. Durante um bom tempo foi realizado vários projetos culturais importantes na cidade, mas que depois não consegui ter uma vida orgânica e infelizmente acaba no insucesso da organização da classe artística. Ainda hoje existem projetos importantes que se originaram do trabalho da Acorde como o projeto Boca da Noite, hoje Seis e Meia. Um projeto que traz aos palcos da nossa cidade artistas nacionais e locais. Proporcionando lazer, e geração de renda e integração entre os artistas locais e de outras regiões do país. 
Campina esteve presente na 1ª Conferência Nacional de Cultura, com a participação eu tive no Plano Nacional de Cultura, do qual eu tive a honra de participar representando juntamente com os colegas artistas da nossa cidade e do nosso Estado. Participei ativamente do cenário cultural local não só como músico, mas como coordenador de cultura. Elaboramos e realizamos junto com a classe artística 1º fórum Municipal de Cultura, que resultou na Carta Cultural de Campina Grande, que contém as reivindicações de todos os segmentos artísticos e culturais do nosso município. Participamos e realizamos a Conferência Municipal de Cultura e projetos importantes foram criados e implementados em nossa cidade como o já citado Projeto Seis e Meia. Também trouxemos para Campina o Projeto Pixinguinha.

  Campina também conta com um cenário musical importante como a Mostra de música no Festival de Inverno e “07 notas“ projeto do SESI. E claro o “Maior São João do Mundo”. Enfim Campina Grande inspira música, arte. No entanto falta incentivo, políticas públicas e valorização da classe artística local por parte dos administradores públicos.

 

18-) RM – Quais os músicos ou/e bandas que você recomenda ouvir na sua cidade?

  Emerson Uray –Moises Freire, Arlam, Roberta Silvana, Capilé, Biliu de  Campina, entre outros.

 

19-) RM – Você acredita que sua música vai tocar nas rádios sem o jabá?

  Emerson Uray – Não.

 

20-) RM – O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

  Emerson Uray – Se tiver talento, vai em frente. É dureza, mas não tem nada igual. Estude, seja perseverante e acima de tudo valorize o seu trabalho. Veja cada dificuldade como um estímulo.

 

21-) RM – Quais os seus projetos futuros?

  Emerson Uray – Estou terminando um CD que tem o nome de Lugar comum. São regravações de sucesso de vários artistas e estou montando um estúdio em casa;

 

22-) RM – Contatos ?

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